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  • Foto do escritor: Raul Silva
    Raul Silva
  • 13 de dez. de 2015
  • 3 min de leitura

Ler O Chamado do Cuco foi uma experiência impactante e complexa ao mesmo tempo, na minha opinião. O livro é um tanto parado, sem a ação que geralmente busco nos livros que leio. A cena da queda de Lula Landry é de fato uma das mais chocantes e agitadas. Mas isso é completamente compensado pelo mistério, a investigação, o suspense e, evidentemente, a sensação de imersão que sentimos, é como se realmente estivéssemos em Londres, a descrição da cidade e dos lugares é tamanha que quase como assistir a um filme.


A história depois da morte da modelo dá uma tremenda parada, contudo os acontecimentos que se seguem fazem com que o leitor fique extremamente curioso com o desenrolar da história. Uma história que, diga-se de passagem, foi muito bem elaborada e enredada. Pois não se detém apenas nos fatos obscuros que cercam a morte de Landry, mas também foca em suas personagens de uma forma bastante peculiar, pois no fim até mesmo alguns dos problemas pessoais do inteligente e astuto Cormoran Strike o ajudam a solucionar um caso, que todas as evidencias apontavam ser insolúvel.

Afinal, a personagem “Strike” nada seria sem seus próprios problemas do passado: Uma infância difícil ao lado da irmã mais nova, com uma mãe viciada e um pai ausente. Sem falar é claro de Charlotte a mulher que atormenta o seu inconsciente e pela qual ele é perdidamente apaixonado e, é claro, a guerra do Afeganistão que lhe levou uma perna deixando-o manco, com uma prótese e sem emprego. Entretanto tudo isso acaba contribuindo para que ele seja uma personagem completa e muito atrativa ao leitor.

Além de Strike temos sua esperta assistente Robin, em minha opinião uma versão mais jovem da própria J. K. Rowling dentro da história, tal qual Hermione era de certo modo uma versão da escritora na época da escola. Robin consegue cativar o leitor logo na sua primeira aparição embora ainda o faça se questionar quanto a sua real importância dentro da história. Questionamentos esses que logo são sanados quando ela demonstra ser uma peça chave para que Strike solucione o caso.

Em contrapartida ainda temos Lula Landry, que da mesma forma que Barry Fairbrother, em Morte Súbita, é uma personagem ausente, morta, porém bastante viva ao longo da história, algo que não costumamos ver em outros livros do gênero que, em alguns casos além de não focarem nas personagens principais, se preocupam mais em solucionar casos frios e vazios. No Chamado do Cuco Landry, apesar de morta, é o centro das atenções (claro afinal o caso gira em torno dela), o que quero dizer é que ela não é tratada apenas como a vítima, mas também como uma pessoa, alguém que era importante de fato. Conseguimos mergulhar na mente da modelo de tal forma que somos, em alguns momentos cativados por ela e em outros temos certas dúvidas quanto a sua conduta.

Em meio a tudo isso ainda temos o irmão de Lula, Bristow. Alguém acima de qualquer suspeita que busca justiça pela morte da irmã e que não acredita de forma alguma que ela tenha se matado. Um filho amoroso e dedicado que cuida da mãe com câncer em estágio terminal e sofre bastante pressão do tio Tony que o tem como louco e que irá tentar de todas as formas impedir a investigação de Strike e Robin.

Para aqueles que já leram posso dizer que o final é surpreendente e acredito que irão concordar comigo que um filme passa pela nossa cabeça quando Cormoran desvenda este caso e que Galbraith (J. K. Rowling) não fica atrás dos grandes Sir Arthur Conan Doyle e Agatha Christie. Para os que ainda não leram fica a dica: Nem tudo é o que parece ser! Para encerrar só posso dizer que mais uma vez Rowling/Galbraith conseguiu me surpreender.

 
 
 
  • Foto do escritor: Raul Silva
    Raul Silva
  • 10 de dez. de 2015
  • 3 min de leitura

“Existem pessoas que se acham melhores do que outras por terem o que chamam de sangue-puro.” Essa frase foi retirada de Harry Potter e a Câmara Secreta da escritora britânica J. K. Rowling, e é, com certeza, uma frase muito marcante, pois nos remete a muitas coisas. Afinal, qual de nós reles mortais não conhecem ou conheceram alguém assim?   


Em minha vida já encontrei inúmeras dessas pessoas, desde professores sádicos e terroristas a empresários e chefes de escritórios idiotas e sem noção. Trabalhei em uma empresa onde a chefe de setor certa vez disse para uma das empregadas, que um dia faltou ao trabalho para cuidar de mãe doente, o seguinte: “Você não precisa deste emprego, pois se precisasse deixaria sua mãe com os vizinhos e viria trabalhar. Só não lhe demito agora, por justa causa, por que você está grávida.”. A funcionária em questão ainda trabalha na empresa junto com a pessoa que lhe disse isso, pois necessita do emprego e jamais teve como provar que tal ato aconteceu e nenhum responsável jamais se interessou em esclarecer as coisas.

Afinal o que pode tornar alguém melhor que o outro? O QI? A posição social? A etnia? A orientação sexual? A carreira profissional? As conquistas ao longo da vida? Para mim nada disso importa, o que realmente importa parafraseando o outro grande escritor J. R. R. Tolkien é o que você decide fazer com o tempo que lhe é dado.

Esse ano nosso país deu uma grande demonstração disso nas ruas, estamos cansado de professores opressores, de chefes soberbos, de autoridades corruptas. Por que temos que respeitá-los se eles não nos respeitam? Semana passada, quando achávamos que havíamos ganho uma batalha contra a corrupção dos“mensaleiros”, tudo caiu por terra, outra brecha na lei foi usada para impedir que a justiça fosse feita.

Agora eu pergunto: como é que bandidos podem julgar bandidos nesse país? E não me venham dizer que essa não é a situação por que é exatamente o que acontece. Infelizmente não podemos culpa-los, pois a culpa não cai apenas nas costas deles. Nós, “cidadão de bem”, também temos responsabilidade nisso, pois indiretamente e inconscientemente somos tão corruptos quanto os que habitam a Capital Federal. E isso não é nada mais nada menos que nossa herança colonial. Fomos colônia de exploração, colonizados por aqueles que não eram mais aceitos na Metrópole, em geral por crimes cometidos contra a coroa, até que um dia por ironia do destino, e por causa de um homenzinho chamado Napoleão Bonaparte, a colônia virou metrópole e vice-versa, mas já era tarde demais para sanar o irremediável.

O que estou querendo dizer é que para que o Brasil mude é preciso que TODOS os brasileiros mudem, não adianta fazer protesto se você continua estacionando em local indevido, burlando a fila no banco ou tentando dar um jeitinho de quebrar a burocracia para resolver um problema. Enquanto acharmos que podemos ficar impunes diante de atitudes como essas sempre existirão pessoas sem consciência de seus deveres morais e humanos como a chefe de setor que disse tudo aquilo aquela pobre funcionaria.

De fato, não existe ninguém melhor ou pior. Existem pessoas diferentes, com inteligências diferentes. A Teoria das Inteligências Múltiplas de Gardner está aí pra gritar isso para as quatro direções. Podemos ter opiniões e pensamentos diferentes, porém todos nós também temos capacidades incríveis e únicas. Afinal citando novamente J. K. Rowling: “O espirito sem limites é o maior tesouro do homem.”

 
 
 
  • Foto do escritor: Raul Silva
    Raul Silva
  • 6 de dez. de 2015
  • 2 min de leitura

É fato consumado que J. K. Rowling é uma das maiores escritoras de nossa época, que ela tem o dom de nos surpreender com o impensável e que suas histórias possuem personagens incrivelmente peculiares e cativantes.


Harry Potter e a Pedra Filosofal foi o primeiro livro que li, verdadeiramente, de fato. Quero dizer, foi o primeiro que li do início ao fim, e já aos onze anos eu sabia que minha vida jamais seria a mesma. J. K. Rowling foi a primeira autora que conseguiu me conquistar verdadeiramente como leitor e depois de ler seus livros nunca mais parei de ler, isso é fato.

Porém após o fim da série Harry Potter achei que levaria um bom tempo para que ela me surpreendesse novamente, principalmente depois que soube que Rowling estava escrevendo o que ela descreveu na época como um “conto de fadas político”. A mídia, então, começou a especular e a autora confessou que estava escrevendo um romance para adultos.

Lembro que meu primeiro pensamento foi: “Não sei não!”. Contudo era a J. K. e eu sabia que o leria mesmo assim. Então, recentemente terminei de ler o famoso Morte Súbita – The Casual Vacance, em inglês – e francamente estou outra vez impressionado.

Rowling nos presenteia com uma história com uma personagem principal ausente, porém muito presente na vida das demais, afinal o estopim para todos os acontecimentos não é sua morte, mas o fato de que Barry Fairbrother não poderia morrer naquele momento nem naquelas circunstancias.

Não é, contudo de se admirar que os ingleses não tenham acolhido o livro tão bem, afinal ele nos dá uma perspectiva de um lado da sociedade inglesa que não vemos comumente e que a maioria finge não existir. A história nos leva a problemas reais de pessoas reais, sejam eles sociais, psicológicos ou físicos e tudo se desenrola de forma majestosa e inesperada, fazendo com que o leitor fique pregado da primeira à última página do livro que é sem dúvida alguma uma obra prima, de tirar o folego.

Nele você não encontrará ação, criaturas fantásticas, bruxos ou qualquer menção aos outros livros da autora, no entanto encontrará situações que o deixarão tão em choque quanto as próprias personagens que as vivenciam na pequena Pagford, uma das muitas bolhas de ignorância que existem na nossa sociedade. Afinal temos muitas Pagford’s espalhadas por aí, com pessoas tão preconceituosas e mesquinhas quanto as da original, mas também com pessoas boas que lutam para mudar a vida das mais necessitadas.

Acho que no fim, a maior mensagem do livro é que as pessoas deveriam parar de olhar apenas para o próprio umbigo e prestar mais atenção nas outras, pois nunca se sabe quando poderemos precisar delas, que uma ação por mais insignificante que possa parecer pode acarretar em grandes consequências sejam elas boas ou ruins e que fazer o certo não significa escolher o caminho mais fácil e sim o mais difícil. Novamente digo aqui, Morte Súbita é uma história magistral, conduzida com maestria por uma das mentes mais brilhantes da nossa era e apesar de não se passar em um universo onde carros podem voar e corujas entregam o correio, é sem sombra de dúvida uma história mágica.

 
 
 
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