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Por Raul Silva - Radar Literário


A 67ª edição do Grammy Awards, realizada em 2 de fevereiro de 2025, em Los Angeles, foi marcada por um episódio que gerou indignação entre fãs e artistas brasileiros. Milton Nascimento, ícone da música brasileira, indicado na categoria de Melhor Álbum Vocal de Jazz pelo projeto "Milton + Esperanza", em parceria com a contrabaixista norte-americana Esperanza Spalding, foi desrespeitado pela organização do evento ao ser negado um assento na área principal da cerimônia.


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Esperanza Spalding, ao perceber a ausência de Milton nas mesas principais, realizou um protesto silencioso durante a premiação. Ela posicionou um cartaz com a imagem do cantor e a frase "Esta lenda viva deveria estar aqui sentada" em sua mesa, evidenciando o desrespeito da organização. Em suas redes sociais, a artista expressou sua insatisfação: "Me molesta que esta lenda viva não tenha sido considerada suficientemente importante para sentar entre os A-listers".


A justificativa apresentada pela organização do Grammy foi de que "ficariam nas mesas apenas os artistas que eles queriam no vídeo", relegando Milton Nascimento a um assento na arquibancada. Tal atitude foi amplamente criticada, sendo vista como um reflexo da desvalorização e desrespeito pela cultura brasileira por parte da produção do prêmio.


Milton Nascimento, carinhosamente conhecido como "Bituca", é uma figura central na música brasileira. Com uma carreira que se estende por mais de seis décadas, ele é cofundador do movimento musical "Clube da Esquina", que revolucionou a MPB ao incorporar elementos do jazz, rock progressivo e ritmos brasileiros. Suas composições foram interpretadas por renomados artistas nacionais e internacionais, como Elis Regina, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Björk e Mercedes Sosa. Em 1998, Milton foi laureado com um Grammy na categoria World Music pelo álbum "Nascimento".


A atitude do Grammy não apenas desrespeita Milton Nascimento, mas também evidencia uma visão preconceituosa e depreciativa em relação à cultura brasileira. Apesar de sua influência global e colaborações com artistas internacionais, a música brasileira frequentemente enfrenta barreiras e é subestimada em eventos de grande porte como o Grammy.


Contudo, a grandeza de Milton Nascimento transcende tais desrespeitos. Aos 82 anos, ele continua a ser celebrado e reverenciado no Brasil e no mundo. Recentemente, a escola de samba Portela anunciou que homenageará o cantor em seu desfile no Carnaval do Rio de Janeiro, destacando sua trajetória e contribuição para a música.


A repercussão do episódio no Grammy gerou uma onda de solidariedade e reconhecimento a Milton. Fãs e artistas manifestaram apoio nas redes sociais, ressaltando a importância de sua obra e criticando a postura da organização do prêmio. A cantora Willow Smith, por exemplo, alfinetou o Grammy por barrar o brasileiro, destacando sua relevância artística.


Em resposta, Milton Nascimento se pronunciou, enfatizando a necessidade de respeito e valorização da cultura brasileira. Ele agradeceu o apoio recebido e reforçou seu compromisso contínuo com a música e a arte.


Este episódio serve como um lembrete da importância de reconhecer e valorizar a riqueza cultural do Brasil. A trajetória de Milton Nascimento é um testemunho da profundidade e beleza da música brasileira, que, apesar de preconceitos e desrespeitos, continua a encantar e inspirar gerações ao redor do mundo.

 
 
 

Por Raul Silva para o Radar Literário


A trajetória de Caetano Veloso, um dos mais influentes músicos brasileiros, é marcada por momentos de inovação artística e resistência política. Durante o regime militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985, Caetano emergiu como uma voz potente contra a repressão, utilizando sua música como meio de expressão e contestação.


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Em 1968, ao lado de Gilberto Gil, Caetano liderou o movimento Tropicália, que revolucionou a música popular brasileira ao mesclar elementos tradicionais com influências internacionais, desafiando as normas culturais estabelecidas. Essa postura ousada atraiu a atenção do regime militar, resultando na prisão de ambos em dezembro de 1968. Após meses de detenção e sob constante vigilância, foram forçados ao exílio em 1969, estabelecendo-se em Londres.


Durante o período de exílio, que se estendeu até 1972, Caetano Veloso produziu obras significativas que refletiam sua saudade do Brasil e as experiências vividas no exterior. Álbuns como "Caetano Veloso" (1969), conhecido como "álbum branco", "Caetano Veloso" (1971) e "Transa" (1972) capturam a melancolia do exílio e a contínua experimentação musical do artista. A capa do disco de 1971, por exemplo, expressa a profunda tristeza de estar afastado de sua terra natal.


A historiadora Márcia Fráguas, em seu livro "It's a Long Way: o Exílio em Caetano Veloso", analisa detalhadamente essa trilogia de álbuns, oferecendo uma compreensão aprofundada de como o exílio influenciou a produção artística de Caetano. A obra destaca a capacidade do músico de transformar a adversidade em arte, mantendo viva a conexão com suas raízes brasileiras mesmo à distância.


O retorno de Caetano ao Brasil em 1972 marcou uma nova fase em sua carreira, consolidando-o como um ícone da música e da resistência cultural. Sua experiência de exílio não apenas moldou sua produção artística, mas também reforçou seu compromisso com a liberdade de expressão e a democracia.


A história de Caetano Veloso durante a ditadura militar é um testemunho poderoso do papel da arte como forma de resistência e da resiliência dos artistas diante da opressão. Sua música continua a inspirar gerações, lembrando-nos da importância da liberdade e da criatividade em tempos de adversidade.


 
 
 

Por Raul Silva para o Radar Literário


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O Museu da Língua Portuguesa, localizado na Praça da Luz, em São Paulo, está promovendo a quarta edição do projeto Plataforma Conexões, com o objetivo de apoiar e dar visibilidade a projetos de artistas e grupos iniciantes. Nesta edição, o tema central é "Falares Brasileiros", que aborda a diversidade e riqueza dos dialetos e sotaques do português falado no Brasil. As inscrições para participação estão abertas de 7 de janeiro a 11 de fevereiro de 2025.


O projeto selecionará dez trabalhos em 2025, abrangendo áreas como dança, literatura, música, performance e multilinguagem. Cada trabalho selecionado receberá uma verba de R$ 8 mil, destinada a cobrir despesas como cachês, transporte, hospedagem e aquisição ou locação de materiais necessários para a apresentação. Os selecionados terão a oportunidade de se apresentar nos espaços do Museu da Língua Portuguesa e da Estação da Luz, em performances gratuitas para o público, com apresentações programadas entre março e dezembro de 2025.


Podem participar artistas solo ou grupos, pessoas físicas, jurídicas ou integrantes de cooperativas, que residam ou tenham sede no estado de São Paulo. Os candidatos devem ser iniciantes, ou seja, devem ter realizado no mínimo uma e no máximo seis produções na área cultural na qual desejam se inscrever. O resultado da seleção será anunciado no dia 10 de março de 2025, no site do IDBrasil, organização social gestora do Museu da Língua Portuguesa.


O edital completo, com informações detalhadas sobre quem pode participar, documentos exigidos e o formulário de inscrição, está disponível no site do IDBrasil. O Museu da Língua Portuguesa é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, dedicada à preservação e promoção da língua portuguesa e de sua diversidade cultural.

Museu da Língua Portuguesa



 
 
 
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