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Nesta quarta-feira, 9 de abril, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) liderou uma série de manifestações em todo o estado, marcando o Dia Estadual de Mobilização em Defesa da Escola Pública. Professores, estudantes e funcionários administrativos uniram-se para reivindicar valorização profissional e melhorias nas condições das escolas estaduais. 


Estudantes e Professores da EREM Arcoverde - Dia Estadual em Defesa da Escola Pública - Foto: Vanusa Maria
Estudantes e Professores da EREM Arcoverde - Dia Estadual em Defesa da Escola Pública - Foto: Vanusa Maria

As mobilizações ocorreram em diversas regiões, incluindo a Região Metropolitana do Recife, Caruaru e Belo Jardim. As atividades incluíram atos com cartazes produzidos pelos estudantes, panfletagens e debates sobre a situação atual da educação pública no estado. 


A presidente do Sintepe, Ivete Caetano, destacou a importância da participação coletiva: “É dever de todos que fazem a escola pública – professores, analistas, administrativos – se empenharem para que toda a sociedade pernambucana participe.” 


Principais Reivindicações:

Estudantes e Professores da EREM Arcoverde - Dia Estadual em Defesa da Escola Pública - Foto: Vanusa Maria
Estudantes e Professores da EREM Arcoverde - Dia Estadual em Defesa da Escola Pública - Foto: Vanusa Maria

Infraestrutura Escolar: Muitas escolas enfrentam problemas estruturais graves, como falta de climatização adequada, comprometendo o ambiente de aprendizado. 

Material Escolar e Fardamento: Há atrasos significativos na entrega de kits escolares e uniformes, prejudicando o início do ano letivo. 

Merenda Escolar: A qualidade e variedade da merenda têm sido alvo de críticas por parte de estudantes e profissionais da educação.

Valorização Profissional: O Sintepe cobra a aplicação do reajuste de 6,27% do Piso Nacional do Magistério para todos os profissionais da educação, incluindo professores, analistas e administrativos. 



Resposta do Governo

Secretária de Educação - Logo Gov. Raquel Lyra
Secretária de Educação - Logo Gov. Raquel Lyra

Em resposta às críticas, o governo estadual anunciou, em dezembro de 2024, a liberação de R$ 50 milhões através do Programa Investe Escola, destinado à manutenção e melhoria das infraestruturas físicas das escolas. Além disso, foram lançados projetos como o Investe Tec, com investimento de R$ 19,5 milhões para modernização de Escolas Técnicas Estaduais, e o Projeto de Incentivo às Bandas e Fanfarras, com aporte inicial de R$ 2,5 milhões. 


No entanto, representantes sindicais e da comunidade escolar consideram essas medidas insuficientes diante das demandas apresentadas. A próxima rodada de negociações entre o Sintepe e o governo está agendada para 15 de abril, com a expectativa de avanços concretos nas pautas reivindicadas. 


A mobilização desta quarta-feira reflete a crescente insatisfação dos profissionais da educação e estudantes com a atual gestão estadual, evidenciando a urgência de investimentos e políticas públicas eficazes para a melhoria da educação em Pernambuco

 
 
 

Em um vídeos divulgados no canal oficial do Governo de Pernambuco – disponível em Canal Oficial –, o Governo do Estado exalta que, graças às políticas da atual gestão, o estado teria alcançado uma taxa de alfabetização de 90% em 2024. No entanto, uma investigação minuciosa de dados oficiais, relatórios do INEP e denúncias de sindicatos e especialistas revela uma realidade bem diferente.


Falência orquestrada da educação e da cultura por parte da gestão Rachel Lyra
Falência orquestrada da educação e da cultura por parte da gestão Rachel Lyra
A Narrativa Oficial vs. A Realidade dos Números

No vídeo, a gestão estadual celebra o suposto marco de 90% de alfabetização, afirmando que as ações implementadas transformaram radicalmente o cenário educacional pernambucano. Contudo, documentos e pesquisas recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) indicam que, em diversos municípios, os índices de alfabetização permanecem em torno de 58%.


De acordo com o Censo Escolar 2024 divulgado pelo INEP, enquanto grandes centros urbanos apresentam resultados mais próximos da meta, muitas cidades do interior ainda lutam para superar desafios históricos de acesso e qualidade na educação. Esses dados foram corroborados por análises de especialistas e pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), que tem reiterado, em diversas ocasiões, a disparidade entre as projeções oficiais e a realidade vivida nas escolas.


Os Dados do INEP e o Relato dos Sindicatos
  • INEP e o Censo Escolar 2024: Segundo os relatórios divulgados pelo INEP – disponíveis em seu site oficial –, a média estadual se mostra fortemente influenciada pelos índices elevados das capitais, enquanto municípios do interior registram percentuais significativamente inferiores. Em muitas localidades, os índices de alfabetização situam-se entre 55% e 60% para as faixas etárias consideradas críticas para a aquisição do conhecimento básico.

  • Denúncias do Sintepe: O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) tem sido veemente em suas denúncias: em reuniões e entrevistas, representantes da categoria afirmam que as condições nas escolas – que incluem a falta de material didático, infraestrutura precária e ausência de apoio pedagógico – comprometem a aprendizagem dos alunos.


“Enquanto a administração exalta números fantasiosos, a realidade nas salas de aula é outra: muitos estudantes sequer têm condições mínimas para aprender a ler e escrever de forma adequada”, afirmou um porta-voz do Sintepe, em entrevista recente.

  • Análises de Especialistas: Pesquisadores da área de educação, como o professor Carlos Mendes, da Universidade Federal de Pernambuco, ressaltam que a metodologia para o cálculo da taxa de alfabetização frequentemente ignora fatores contextuais, como a qualidade da rede de ensino e a efetividade dos programas de incentivo à leitura.


“Quando se fala em 90% de alfabetização, é preciso entender que números agregados podem mascarar realidades profundamente desiguais – e, em muitos municípios, a situação é alarmante”, explica Mendes.

Confronto de Narrativas: Propaganda vs. Realidade

Os vídeos publicados pelo Governo de Pernambuco adotam um tom otimista e até celebratório, enfatizando a eficácia das políticas públicas implementadas. Entre as declarações, destaca-se o orgulho de uma gestão que “transformou” a educação no estado. Contudo, esse discurso encontra forte oposição quando confrontado com os seguintes pontos:


  • Desigualdade Regional: Enquanto os índices de alfabetização nas grandes cidades podem se aproximar de patamares elevados, as áreas rurais e municípios menores ainda enfrentam sérios desafios – com índices que se mantêm na faixa dos 55% a 60%, conforme os dados do INEP.

  • Condições das Escolas: Relatos de professores e de organizações sindicais denunciam que, apesar dos investimentos anunciados, muitas escolas permanecem com infraestrutura deficiente, falta de material básico e ausência de um planejamento que contemple as reais necessidades das comunidades.

  • Indicadores Qualitativos: A simples mensuração da alfabetização por porcentagem não reflete a qualidade do ensino. Especialistas argumentam que, para que o estado avance de fato, é necessário não apenas elevar os números, mas melhorar a qualidade da aprendizagem – aspecto que ainda está longe de ser alcançado em várias regiões de Pernambuco.


O Impacto para a População

A discrepância entre o que é anunciado e a realidade tem consequências diretas para os cidadãos. Uma taxa de alfabetização inflacionada por propaganda pode mascarar a necessidade de investimentos urgentes em educação, perpetuando ciclos de exclusão e desigualdade. Enquanto as autoridades buscam construir uma imagem de sucesso, milhares de crianças e jovens, especialmente em municípios menos favorecidos, continuam sem acesso a uma educação de qualidade – o que compromete seu desenvolvimento e as perspectivas futuras para o estado.


A alegação de que Pernambuco atingiu uma taxa de alfabetização de 90% em 2024, veiculada nos vídeos do Governo Raquel Lyra, revela-se uma narrativa distante da realidade. Documentos oficiais do INEP, pesquisas do Censo Escolar e denúncias do Sintepe apontam para uma situação muito mais complexa e desigual, onde muitos municípios ainda enfrentam índices de alfabetização que rondam os 58%.


Essa disparidade evidencia a necessidade de uma revisão das políticas públicas e, sobretudo, de uma comunicação transparente que não transforme dados parciais em propaganda política.


Enquanto o governo exalta conquistas inverídicas, a verdadeira mudança exige enfrentar os desafios reais – e isso passa por reconhecer as falhas, promover um diálogo aberto com os profissionais da educação e, finalmente, investir de maneira eficaz na melhoria da qualidade do ensino em todo o estado.


 
 
 
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