A sistemática CENSURA da Meta e das Big Techs: A aliança entre Corporações e Extremismo Digital contra vozes Progressistas
- Raul Silva
- 23 de ago.
- 7 min de leitura
Atualizado: 27 de ago.

A imagem acima revela apenas a ponta de um iceberg muito mais sinistro: a sistemática perseguição que as grandes corporações tecnológicas, lideradas pela Meta, promovem contra perfis e conteúdos progressistas no Brasil e no mundo. Longe de serem plataformas neutras, essas empresas operam como verdadeiros aparelhos ideológicos a serviço da extrema direita global, manipulando algoritmos, censurando vozes críticas e amplificando discursos de ódio que alimentam seus lucros obscenos.
A arquitetura da Censura Progressista
O Modus Operandi da perseguição digital
A censura sistemática a perfis progressistas segue um padrão meticulosamente calculado. O caso do TCE-PE - onde uma auditoria técnica desmascarou irregularidades na Secretaria de Educação de Pernambuco - exemplifica precisamente o tipo de conteúdo que as big techs tentam suprimir: denúncias factuais sobre má gestão pública, corrupção e violação de direitos.
Os dados coletados através de pesquisa extensiva revelam que mais de 1,5 milhão de seguidores foram diretamente afetados pela censura a apenas oito perfis progressistas documentados no Brasil entre 2021 e 2025.
Nome | Data Incidente | Plataforma | Tipo Censura | Seguidores | Justificativa Oficial | Status Atual |
Jones Manoel | 2025-08-06 | Instagram/Facebook | Banimento completo sem justificativa | 1000000 | Não seguiu padrões da comunidade | Reativado após pressão pública |
Jeferson Tenório | 2025-06-01 | Banimento permanente sem explicação | 80000 | Não se enquadra nas diretrizes da plataforma | Permanece banido | |
Vinícios Betiol | 2025-03-20 | X/Twitter | Shadowban após críticas a Eduardo Bolsonaro | 50000 | Nenhuma (shadowban silencioso) | Continua sob shadowban |
Partido PCO | 2022-06-06 | Suspensão por ser ""partido político legal"" | 24000 | Investigação fake news | Histórico | |
Bolsoflix | 2021-08-01 | Remoção por ""sede fora do Brasil"" | 10000 | Site hospedado no exterior | Histórico | |
Tabata Amaral | 2021-08-10 | Coleta de dados por usar #VotoImpressoNão | 180000 | Investigação hashtags suspeitas | Dados coletados (histórico) | |
Luiza Erundina | 2021-08-10 | Coleta de dados por usar #VotoImpressoNão | 90000 | Investigação hashtags suspeitas | Dados coletados (histórico) | |
Joênia Wapichana | 2021-08-10 | Coleta de dados por usar #VotoImpressoNão | 120000 | Investigação hashtags suspeitas | Dados coletados (histórico) |
Entre os casos mais emblemáticos estão:
Jones Manoel: Banimento total das contas no Instagram e Facebook, atingindo mais de 1 milhão de seguidores, sob a alegação vaga de "não seguir padrões da comunidade"
Jeferson Tenório: Exclusão permanente de sua conta com 80 mil seguidores, autor do premiado "O Avesso da Pele", obra que expõe o racismo estrutural brasileiro
Vinícios Betiol: Shadowban no X após criticar Eduardo Bolsonaro, tornando seu perfil "invisível" para buscas
A Manipulação Algorítmica comprovada
Estudos acadêmicos independentes confirmam o que ativistas denunciam há anos: os algoritmos das redes sociais são deliberadamente enviesados contra a esquerda. A própria pesquisa do Twitter admitiu em 2021 que "a direita política desfruta de maior amplificação algorítmica do que a esquerda" em seis dos sete países analisados. No Canadá, a discrepância chegou a 167% para conservadores contra apenas 43% para progressistas.
Mais revelador ainda é o estudo da Queensland University (2024), que documentou como o algoritmo do X foi manipulado explicitamente para favorecer Elon Musk e perfis conservadores após seu apoio a Donald Trump, gerando 138% mais visualizações e 238% mais retuítes para suas postagens.
O financiamento da Guerra Ideológica Digital

A assimetria financeira reveladora
Os dados da Biblioteca de Anúncios da Meta entre 2020-2024 no Brasil expõem uma assimetria financeira brutalmente reveladora: conservadores gastaram R$ 33,8 milhões em publicidade política, enquanto progressistas investiram apenas R$ 10,3 milhões - uma diferença de mais de 3,3 vezes.
O "Brasil Paralelo", maior produtora de conteúdo conservador do país, sozinho gastou R$ 26,6 milhões em 75.391 anúncios, demonstrando o poder financeiro concentrado da extrema direita para dominar o ambiente informacional. Essa disparidade não é acidental: reflete uma estratégia coordenada de guerra de informação onde o capital reacionário compra literalmente a hegemonia digital.
A aliança corporativa-fascista
A recente guinada explícita da Meta em direção à extrema direita, culminando com o fim da checagem de fatos e o afrouxamento das regras contra discursos de ódio, representa a consolidação de uma aliança estratégica entre as big techs e movimentos fascistas globais. Mark Zuckerberg não apenas capitulou às pressões de Trump, como transformou essa capitulação em modelo de negócio.
A nomeação de Joel Kaplan (republicano) para substituir Nick Clegg e o convite a Dana White (aliado de Trump) para o conselho da Meta sinalizam uma mudança estrutural na governança da empresa. Não se trata mais de "neutralidade" algorítmica, mas de partidarismo corporativo explícito em favor da extrema direita.
Twitter Files Brasil: A anatomia da Perseguição Judicial
O Judiciário como instrumento de Censura
Os Twitter Files Brasil revelaram como o aparato judicial brasileiro foi instrumentalizado para perseguir perfis progressistas através de mecanismos pseudo-legais. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), sob a presidência de Alexandre de Moraes, exigiu dados pessoais de usuários que utilizaram hashtags como #VotoImpressoNão - ironicamente, a mesma hashtag usada por deputadas progressistas como Tabata Amaral e Luiza Erundina.
Esta seletividade persecutória é fundamental para compreender o modus operandi da censura: enquanto perfis de esquerda são investigados por exercer direitos constitucionais básicos, contas da extrema direita operam livremente disseminando desinformação e incitando violência. O caso do Partido da Causa Operária (PCO) é emblemático: um partido político legalmente registrado teve sua conta suspensa pelo mesmo aparato que protege milícias digitais bolsonaristas.
A censura sistemática não ocorre no vácuo, mas através de uma rede de cumplicidades que conecta big techs, aparato judicial e grupos econômicos conservadores. O caso do lobista da Meta, Marconi Borges Machado, que literalmente escreveu emendas apresentadas pelo deputado bolsonarista Fernando Máximo para afrouxar leis de proteção a crianças na internet, demonstra como essa aliança opera nos bastidores.

O viés estrutural contra comunidades marginalizadas
Racismo e Misoginia algorítmica
A censura não atinge apenas perfis explicitamente políticos, mas se estende de forma particularmente cruel contra vozes de comunidades marginalizadas. Jeferson Tenório, escritor negro autor de obras que denunciam o racismo estrutural, enfrentou não apenas o banimento de seu perfil, mas anos de perseguição sistemática que incluíram a censura de seu livro em escolas de múltiplos estados.
Os algoritmos reproduzem e amplificam preconceitos sociais existentes, criando um círculo vicioso de opressão digital. Pesquisas acadêmicas comprovam que comunidades LGBTQIA+, feministas e antirracistas enfrentam moderação desproporcional, sendo forçadas a criar "novilínguas" digitais para escapar da censura automatizada - substituindo "gay" por "yag", "lésbica" por "le$bian" e "suicídio" por "unalive".
A Economia Política do Ódio
As big techs lucram diretamente com a disseminação de discursos de ódio porque esse conteúdo gera mais engajamento emocional, mantendo usuários mais tempo na plataforma e aumentando a exposição publicitária. Esta não é uma externalidade indesejada, mas o próprio modelo de negócio: transformar ódio e polarização em dados vendáveis para anunciantes.
Sergio Amadeu, pesquisador da UFABC, sintetiza perfeitamente esta dinâmica:
"A desinformação, em geral, está ligada ao discurso de ódio e esses conteúdos geram muito engajamento. Assim, as plataformas passam a ser muito úteis aos projetos políticos da extrema direita mundial".
A Instrumentalização Política das plataformas
Governamentalidade algorítmica
As redes sociais não são apenas ferramentas de comunicação, mas aparelhos de governamentalidade algorítmica que moldam comportamentos, preferências políticas e percepções da realidade. O conceito de "magnetismo psicossocial" desenvolvido por pesquisadores brasileiros descreve como os algoritmos exercem "o poder de conectar pessoas por seus sentimentos, interesses, preferências, e características físicas, sociais e emocionais".
Esta capacidade de manipulação comportamental transformou as big techs nos verdadeiros senhores da opinião pública mundial. Quando Zuckerberg afirma que as políticas da Meta "definem, na prática, a janela de Overton para conversas online em todo o mundo", ele está assumindo explicitamente o poder imperial dessas corporações sobre o debate democrático global.
A Weaponização dos algoritmos
O caso Vinícios Betiol exemplifica como os algoritmos são weaponizados contra dissidentes. Horas após criticar Eduardo Bolsonaro, seu perfil foi submetido a shadowban - uma forma de censura invisível que reduz drasticamente o alcance das publicações sem notificar o usuário. Esta técnica, confirmada pelos próprios Twitter Files, permite às plataformas censurar seletivamente mantendo uma aparência de neutralidade.
O shadowbanning é particularmente insidioso porque simula liberdade enquanto efetivamente silencia vozes dissidentes. É a censura perfeita para regimes autoritários: mantém a fachada democrática enquanto controla rigidamente o fluxo informacional.
A resistência e os caminhos de enfrentamento
Mobilização popular e pressão política
O caso Jones Manoel demonstra que a mobilização popular pode forçar recuos das big techs. A solidariedade de Felipe Neto, deputados como Glauber Braga (PSOL-RJ) e Natália Bonavides (PT-RN), combinada com pressão nas redes e ameaça de processos judiciais, forçou a Meta a reativar suas contas. Esta vitória, embora limitada, mostra que a luta organizada pode quebrar a aparente invencibilidade dessas corporações.
A resposta do Ministério Público Federal, oficiando a Meta sobre suas mudanças de política, e a reação do governo brasileiro às declarações de Zuckerberg demonstram que existe capacidade institucional para enfrentar essas corporações quando há vontade política.
Regulação Democrática vs. Soberania Digital
A batalha contra a censura corporativa exige regulação democrática que subordine as big techs ao interesse público. Isto não significa defender censura estatal, mas estabelecer transparência algorítmica, direito ao recurso e prestação de contas pública dessas empresas.
O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) sintetizou perfeitamente esta posição: "Regulação não é censura, mas um mecanismo essencial para defender as pessoas e proteger as democracias, preservando os direitos humanos e a liberdade de expressão responsável".
A urgência da luta Anti-Monopolista Digital
É evidente que as big techs, lideradas pela Meta, operam como aparelhos privados de hegemonia a serviço da extrema direita global. Através de manipulação algorítmica, censura seletiva e amplificação desproporcional de conteúdos reacionários, essas corporações subvertem sistematicamente processos democráticos e silenciam vozes progressistas.
A sistemática perseguição a perfis como Jones Manoel, Jeferson Tenório e centenas de outros ativistas não representa "falhas" no sistema, mas seu funcionamento normal. É a lógica do capital aplicada ao controle informacional: transformar a comunicação humana em commodity e a diversidade política em ameaça aos lucros.
A resistência a essa ditadura digital corporativa exige articulação entre movimentos sociais, pressão política sobre governos democráticos e construção de alternativas tecnológicas verdadeiramente públicas e democráticas. O tempo das ilusões sobre a "neutralidade" das plataformas acabou. Agora é tempo de luta aberta contra esses impérios digitais que ameaçam a própria possibilidade de futuro democrático para a humanidade.
A pergunta não é mais se as big techs censurar perfis progressistas, mas quando a sociedade terá coragem de quebrar seus monopólios e democratizar radicalmente a infraestrutura comunicacional da qual nossa civilização depende. A democracia não sobreviverá enquanto a comunicação social permanecer nas mãos de corporações fascistizantes movidas exclusivamente pelo lucro e pelo poder.
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