A trama Golpista que balançou o Brasil: Do plano ao Banco dos Réus
- Redação d'O estopim

- 2 de set.
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A trama Golpista
Como uma organização criminosa liderada por Jair Bolsonaro tentou quebrar a democracia brasileira e agora enfrenta a Justiça no julgamento histórico que começou nesta terça-feira no STF
A trama Golpista
Por Redação d'O estopim - 2 de setembro de 2025
Às 9h desta terça-feira, 2 de setembro de 2025, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal inicia o que pode ser considerado o julgamento mais importante para a democracia brasileira desde o fim da ditadura militar. No banco dos réus, oito pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, respondem por uma das mais sofisticadas tentativas de golpe de Estado já documentadas na história republicana do país.
A investigação da Polícia Federal, condensada em mais de 3.000 páginas de relatórios, e a denúncia da Procuradoria-Geral da República revelam uma trama que começou muito antes das eleições de 2022 e culminou na invasão dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 - um plano minuciosamente arquitetado para manter Bolsonaro no poder a qualquer custo, inclusive com a eliminação física de autoridades e candidatos eleitos.
As Origens: Quando a Democracia Entrou na Mira
A trama Golpista
A história começa em 29 de julho de 2021, quase um ano e três meses antes das eleições presidenciais. Naquele dia, durante uma transmissão ao vivo no Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro iniciou o que os investigadores chamariam posteriormente de "execução prática" de um plano para desacreditar o sistema eleitoral brasileiro.

"As eleições de 2022, se não tivermos o voto impresso, uma forma de auditar o voto, pode esquecer. Não vai ter eleição", declarou o então presidente, lançando as bases de uma narrativa que seria repetida exaustivamente nos meses seguintes.
Mas o marco definitivo da escalada golpista veio em 7 de setembro de 2021. Durante os atos de celebração da Independência, Bolsonaro subiu no trio elétrico em Brasília e proferiu ameaças diretas ao Supremo Tribunal Federal: "Eu não mais me submeto a decisões emanadas de Alexandre de Moraes. Só Deus me tira dali", bradou para uma multidão que aplaudia.
Segundo a investigação da Polícia Federal, essas declarações públicas eram apenas a ponta de um iceberg muito maior. Nos bastidores, uma sofisticada organização criminosa já operava para criar as condições necessárias para uma ruptura institucional.
A Anatomia de uma Conspiração: Os Seis Núcleos do Golpe
A trama Golpista
A Polícia Federal identificou que a organização criminosa operou através de seis núcleos especializados, cada um com funções específicas no projeto de poder:

1. Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral
Coordenado por figuras como Filipe Martins, assessor especial da Presidência, e José Eduardo de Oliveira e Silva, este núcleo foi responsável por disseminar sistematicamente informações falsas sobre fraudes eleitorais. O grupo utilizou o que os investigadores chamam de técnicas da "milícia digital": alto volume de disseminação, uso de múltiplos canais, repetição constante e emprego de autoridades para dar credibilidade às narrativas falsas.
Um dos episódios mais emblemáticos foi a reunião de 18 de julho de 2022 com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada. Bolsonaro apresentou alegações infundadas sobre vulnerabilidades do sistema eletrônico de votação, numa clara tentativa de desacreditar as eleições junto à comunidade internacional.
2. Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe
Liderado pelo general Walter Souza Braga Netto, este núcleo tinha como objetivo cooptar comandantes militares para apoiar a ruptura institucional. Os investigadores descobriram que militares de forças especiais, apelidados de "Kids Pretos", foram mobilizados para pressionar o Alto Comando do Exército.
Uma reunião crucial ocorreu em 28 de novembro de 2022, numa residência em Brasília, onde oficiais de forças especiais planejaram ações para "influenciar positivamente" seus comandantes a aderir ao golpe. O coronel Bernardo Romão Corrêa Netto chegou a afirmar em mensagens: "Thomaz, Richard e Stumpf tinham que ser exonerados, presos, sei lá, qualquer merda, antes do GFG [General Freire Gomes] passar o Comando EB".
3. Núcleo Jurídico
Composto por advogados e juristas como Amauri Feres Saad, este núcleo elaborou as minutas de decretos que dariam aparência legal ao golpe. O grupo trabalhou na fundamentação jurídica para medidas como a decretação de Estado de Defesa e a intervenção no Tribunal Superior Eleitoral.
4. Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas
Este núcleo fornecia suporte logístico e operacional para as ações da organização. Incluía militares e civis que atuavam na coordenação de manifestações, distribuição de materiais e articulação entre diferentes grupos.
5. Núcleo de Inteligência Paralela
Liderado por Alexandre Rodrigues Ramagem, ex-diretor da ABIN, este núcleo utilizou a estrutura de inteligência do Estado para monitorar opositores, produzir informações falsas e apoiar as narrativas golpistas. Ramagem chegou a elaborar anotações pessoais com estratégias para interferir em investigações da Polícia Federal.
6. Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
O mais sinistro dos núcleos, composto por militares de forças especiais, foi responsável pelo planejamento de ações violentas, incluindo planos para sequestrar ou assassinar autoridades. Este grupo elaborou o documento "Punhal Verde Amarelo", um detalhado plano operacional para eliminar o ministro Alexandre de Moraes e os candidatos eleitos Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin.
O Núcleo Crucial: Bolsonaro no Centro da Teia
A trama Golpista
Na estrutura hierárquica identificada pelos investigadores, Jair Messias Bolsonaro ocupava inequivocamente a posição de líder da organização criminosa. A denúncia da Procuradoria-Geral da República é categórica:
"O então presidente da República exerceu a liderança e teve pleno domínio da organização criminosa".

As evidências do protagonismo de Bolsonaro são abundantes:
Controle das Narrativas: Bolsonaro não apenas disseminava pessoalmente as alegações de fraude eleitoral, como coordenava a produção e distribuição desses conteúdos. Em reunião ministerial de 5 de julho de 2022, um general teria dito: "o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições", numa clara referência à necessidade de criar condições para questionar o resultado eleitoral.
Comando das Articulações: O ex-presidente participou diretamente de reuniões onde foram apresentadas as minutas do decreto golpista. Em 7 de dezembro de 2022, no Palácio do Alvorada, Bolsonaro reuniu os comandantes das Forças Armadas e o ministro da Defesa para apresentar o decreto que subverteria o Estado Democrático de Direito.
Conhecimento dos Planos Violentos: Segundo os investigadores, Bolsonaro tinha conhecimento dos planos para eliminar autoridades. O general Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria-geral da Presidência, confessou em depoimento ao STF ter sido o autor do plano "Punhal Verde Amarelo", que previa o assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes.
Persistência Após o Fracasso: Mesmo depois que os comandantes militares recusaram apoio ao decreto golpista, Bolsonaro manteve a articulação através de outros canais, culminando nos eventos de 8 de janeiro de 2023.
As Acusações Contra Bolsonaro
A denúncia da PGR imputa a Jair Bolsonaro três crimes:
Organização Criminosa (art. 2º da Lei 12.850/2013): Como líder de uma associação de mais de quatro pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas para cometer crimes.
Tentativa de Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal): Por tentar suprimir ou modificar o regime democrático mediante violência ou grave ameaça.
Tentativa de Golpe de Estado (art. 359-M do Código Penal): Por tentar assumir o comando de tropas ou assumir o exercício de função pública constitucionalmente atribuída a outrem.
O Ministério Público enfatiza que a tentativa de golpe é crime consumado, independentemente do sucesso da empreitada. "Não há justificativa plausível para questionar a legitimidade de eleições livres, diretas, secretas, universais e periódicas, realizadas com observância de todas as garantias legais e constitucionais", afirma a denúncia.
Os Demais Protagonistas do Núcleo Central
Além de Bolsonaro, outros sete réus compõem o núcleo central julgado pela Primeira Turma do STF:

Walter Souza Braga Netto
Ex-ministro da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, Braga Netto foi identificado como coordenador-geral da organização criminosa. Os investigadores descobriram que ele ordenou ataques sistemáticos contra comandantes militares que se opuseram ao golpe. Em mensagem de 15 de dezembro de 2022, Braga Netto orientou: "Senta o pau no Batista Junior... traidor da pátria. Dai para frente. Inferniza a vida dele e da família".

Augusto Heleno Ribeiro Pereira
Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Heleno participou ativamente da articulação política do golpe e da elaboração das justificativas legais para as medidas excepcionais.

Alexandre Rodrigues Ramagem
Ex-diretor da ABIN, Ramagem utilizou a estrutura de inteligência do Estado para apoiar a trama golpista. Suas anotações pessoais revelam estratégias para interferir em investigações e produzir conteúdo favorável à narrativa de fraude eleitoral.

Anderson Gustavo Torres
Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Torres participou da articulação para utilizar as forças policiais federais em apoio ao projeto golpista.

Mauro César Barbosa Cid
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Cid foi peça-chave na articulação entre os diferentes núcleos da organização. Suas mensagens de WhatsApp, recuperadas pela Polícia Federal, documentam detalhadamente o planejamento golpista.

Almir Garnier Santos
Ex-comandante da Marinha, foi o único entre os três comandantes militares a apoiar explicitamente o golpe. Segundo as investigações, Garnier chegou a colocar tropas à disposição para o cumprimento do decreto golpista.

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
Ex-ministro da Defesa, participou das reuniões onde o decreto golpista foi apresentado aos comandantes militares.
O Plano Sinistro: "Punhal Verde Amarelo"
Entre todas as descobertas da investigação, talvez nenhuma seja mais chocante que o documento encontrado em poder do general Mario Fernandes, intitulado "Punhal Verde Amarelo". Trata-se de um detalhado plano operacional para sequestrar ou assassinar o ministro Alexandre de Moraes e eliminar os candidatos eleitos Lula e Alckmin.
O documento, com características de manual terrorista, incluía:
Levantamento detalhado da rotina e segurança de Alexandre de Moraes: horários, itinerários, composição da equipe de segurança, veículos utilizados e pontos vulneráveis.
Plano para envenenar Lula: O documento previa a eliminação do presidente eleito por envenenamento, considerado um método que deixaria menos evidências.
Assassinato de Geraldo Alckmin: O vice-presidente eleito também seria eliminado para "extinguir a chapa vencedora" das eleições.
Aceitação de "baixas colaterais": O plano previa explicitamente que haveria mortes, inclusive de militares envolvidos, classificadas como "passíveis e aceitáveis".
O general Mario Fernandes confessou em depoimento ao STF ter sido o autor do plano: "O pensamento foi meu", declarou em julho de 2025. O documento chegou a ser impresso no Palácio do Planalto em dezembro de 2022, demonstrando que havia conhecimento em altos escalões do governo.
O plano saiu do papel em 15 de dezembro de 2022, quando os "Kids Pretos" executaram a chamada "Operação Copa 2022". Militares de forças especiais estavam posicionados em Brasília para prender ou executar Alexandre de Moraes. A operação só foi abortada quando ficou claro que Bolsonaro não conseguiria o apoio necessário dos comandantes militares.
A Resistência Democrática: Quando os Militares Disseram Não
Um dos aspectos mais relevantes revelados pela investigação foi a resistência oferecida pelos principais comandantes militares ao projeto golpista. Essa resistência foi determinante para impedir a consumação do golpe.
General Freire Gomes: O Comandante Legalista

O então comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, conhecido como Freire Gomes, foi alvo de intensa pressão para aderir ao golpe. Em depoimento à Polícia Federal, Freire Gomes confirmou que chegou a advertir Bolsonaro de que, caso atentasse contra o regime democrático, seria obrigado a prender o próprio presidente.
A recusa de Freire Gomes gerou uma campanha sistemática de ataques orquestrada por Braga Netto. O ex-ministro da Defesa chegou a afirmar: "a culpa pelo que está acontecendo e acontecerá é do Gen FREIRE GOMES. Omissão e indecisão não cabem a um combatente", e ordenou: "Oferece a cabeça dele. Cagão".
Brigadeiro Baptista Junior: A Aeronáutica Contra o Golpe

O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, foi ainda mais incisivo em sua oposição. Em depoimento, relatou que alertou constantemente Bolsonaro de que não existia qualquer fraude no sistema eletrônico de votação e que a Aeronáutica jamais apoiaria qualquer tentativa de manutenção irregular no poder.
Baptista Junior também se tornou alvo de ataques sistemáticos. Braga Netto chegou a orientar: "Senta o pau no Batista Junior... traidor da pátria... Inferniza a vida dele e da família".
A Exceção: Almirante Garnier
O único entre os três comandantes a apoiar o golpe foi o almirante Almir Garnier Santos, da Marinha. Segundo as investigações, Garnier chegou a colocar tropas à disposição de Bolsonaro e foi por isso elogiado pelos golpistas, que o chamavam de "patriota".
Eduardo Bolsonaro e a Guerra Econômica dos EUA

Enquanto no Brasil a trama golpista se desenrolava, nos Estados Unidos, Eduardo Nantes Bolsonaro, filho do ex-presidente e deputado federal, trabalhava numa frente complementar: a tentativa de criar um caos econômico no país através de sanções internacionais.
A Procuradoria-Geral da República instaurou inquérito específico contra Eduardo Bolsonaro em maio de 2025, acusando-o de três crimes: coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo a investigação, Eduardo Bolsonaro vem, desde o início de 2025, "reiterada e publicamente, afirmando que está se dedicando a conseguir do governo dos Estados Unidos a imposição de sanções contra integrantes do Supremo Tribunal Federal, da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal".
As ameaças incluem:
Cassação de vistos de entrada nos EUA
Bloqueio de bens e valores que autoridades brasileiras possam ter em território americano
Proibição de relações comerciais com pessoas físicas e jurídicas americanas
A estratégia de Eduardo Bolsonaro tem um objetivo claro: criar uma crise econômica e institucional no Brasil que force a saída do presidente Lula e abra caminho para o retorno de seu pai ao poder. A PGR identificou que essas ações têm "manifesto tom intimidatório" e visam "embaraçar o andamento do julgamento" da ação penal contra Jair Bolsonaro.
8 de Janeiro: O Ápice da Violência
Quando todos os outros planos falharam, a organização criminosa recorreu à violência direta. Em 8 de janeiro de 2023, uma semana após a posse de Lula, milhares de pessoas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

A investigação revelou que os atos de 8 de janeiro não foram espontâneos, mas resultado direto da atuação da organização criminosa. O financiamento, a logística e o estímulo para as invasões foram coordenados pelos núcleos golpistas.
Os danos materiais superaram R$ 20 milhões, mas o custo democrático foi incalculável. Pela primeira vez na história republicana, os símbolos máximos da democracia brasileira foram atacados fisicamente por grupos que rejeitavam o resultado de eleições livres e democráticas.
Alexandre de Moraes: O Guardião da Democracia
No centro de toda a trama golpista estava a figura do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Relator dos principais inquéritos sobre ameaças à democracia, Moraes se tornou o principal alvo dos ataques golpistas.
Como relator do inquérito das fake news e dos atos antidemocráticos, Moraes conduziu investigações que revelaram a extensão das ameaças ao sistema democrático. Suas decisões, sempre respaldadas pelo colegiado do STF, foram fundamentais para preservar as instituições.

A investigação revelou que Moraes era alvo prioritário dos planos violentos. O documento "Punhal Verde Amarelo" detalha minuciosamente como seria executado seu sequestro ou assassinato. O plano chegou a ser colocado em prática em 15 de dezembro de 2022, sendo abortado apenas quando ficou claro que o golpe não teria apoio militar.
Mesmo sob ameaça constante, Moraes manteve a condução das investigações dentro do estrito marco legal. Sua postura firme, mas sempre respaldada em decisões colegiadas, foi fundamental para que as instituições democráticas resistissem aos ataques sistemáticos.
O STF Como Bastião da Democracia
O Supremo Tribunal Federal desempenhou papel crucial na preservação da democracia brasileira durante a crise. Mais do que julgar casos individuais, o STF se posicionou como guardião último das instituições democráticas.

O Tribunal tomou decisões fundamentais:
Validação das eleições de 2022 contra contestações infundadas
Condenação dos atos de 8 de janeiro como atentados à democracia
Autorização das investigações que desvendaram toda a trama golpista
A conduta do STF demonstrou que as instituições brasileiras, forjadas pela Constituição de 1988, possuem mecanismos de defesa eficazes contra tentativas autoritárias. A separação de poderes funcionou como anteparo contra os ataques ao sistema democrático.
O julgamento que começa nesta terça-feira na Primeira Turma do STF transcende a responsabilização individual dos acusados. Trata-se de um momento definidor para a democracia brasileira pelos seguintes motivos:
1. Precedente Jurídico
O julgamento estabelecerá precedente definitivo sobre os limites do exercício do poder no Brasil. Uma eventual condenação deixará claro que nem mesmo ex-presidentes estão acima da lei e que tentativas de golpe serão punidas com rigor.
2. Fortalecimento Institucional
A condução do julgamento demonstra a maturidade das instituições brasileiras. O fato de um ex-presidente ser julgado pelos mesmos crimes que qualquer cidadão reforça o princípio da igualdade perante a lei.
3. Proteção da Democracia
Uma condenação servirá como elemento dissuasório para futuras tentativas autoritárias. Estabelecerá que golpes de Estado, mesmo quando fracassam, têm consequências penais graves.
4. Reparação Histórica
O julgamento representa uma oportunidade de reparação histórica pelos danos causados às instituições democráticas e à sociedade brasileira. É uma chance de reafirmar os valores democráticos.
5. Exemplo Internacional
O Brasil está sendo observado pela comunidade internacional. Um julgamento justo e rigoroso reforçará a imagem do país como democracia sólida e servirá de exemplo para outras nações enfrentando desafios similares.
Os Impactos para a Democracia Brasileira
As revelações sobre a tentativa de golpe já produziram impactos duradouros na democracia brasileira:
Paradoxalmente, os ataques às instituições resultaram no seu fortalecimento. O Congresso Nacional, o STF, o TSE e as Forças Armadas demonstraram capacidade de resistir a pressões autoritárias.

A sociedade brasileira tomou consciência da fragilidade da democracia. A mobilização social em defesa das instituições em momentos críticos demonstrou o amadurecimento cívico do país.
Os eventos revelaram a necessidade de reformas para fortalecer a democracia:
Regulamentação das redes sociais para combater desinformação
Fortalecimento dos órgãos de controle para impedir uso indevido da máquina pública
Maior transparência nos processos eleitorais
O país ainda enfrenta o desafio de superar a polarização extrema criada pela trama golpista. O julgamento pode contribuir para esse processo ao estabelecer os fatos com clareza e impor consequências aos responsáveis.
Lições para o Futuro
A tentativa de golpe de Estado no Brasil oferece lições importantes para a preservação da democracia:
1. Vigilância Constante
A democracia exige vigilância constante da sociedade. Sinais de autoritarismo devem ser identificados e combatidos precocemente.
2. Fortalecimento Institucional
As instituições democráticas precisam ser constantemente fortalecidas e aperfeiçoadas para resistir a ataques futuros.
3. Educação Cívica
É fundamental investir na educação cívica da população para criar cidadãos conscientes de seus direitos e deveres democráticos.
4. Combate à Desinformação
A desinformação é uma arma poderosa contra a democracia e precisa ser combatida através de regulamentação adequada e educação digital.
5. Defesa dos Valores Democráticos
Os valores democráticos não podem ser considerados garantidos. Precisam ser ativamente defendidos e promovidos.
O Brasil na encruzilhada da história
Quando os ministros da Primeira Turma do STF se reuniram nesta terça-feira para iniciar o julgamento de Jair Bolsonaro e seus correligionários, não estavam apenas decidindo sobre o destino individual de oito pessoas. Estavam, sim, escrevendo um capítulo fundamental da história democrática brasileira.
A investigação da Polícia Federal e a denúncia da Procuradoria-Geral da República revelaram uma conspiração de proporções assustadoras: uma organização criminosa que operou a partir dos mais altos escalões do poder, utilizou a máquina pública para fins privados, articulou com militares para quebrar a ordem constitucional e planejou eliminar fisicamente opositores políticos.
Que essa trama tenha sido descoberta, investigada e levada a julgamento demonstra a robustez das instituições brasileiras. Que os principais comandantes militares tenham recusado apoio ao golpe mostra que as lições da ditadura militar foram aprendidas pelas Forças Armadas. Que a sociedade tenha se mobilizado em defesa da democracia revela o amadurecimento cívico do país.
Mas a história ainda não terminou. O julgamento que se inicia hoje dirá se o Brasil está definitivamente vacinado contra aventuras autoritárias ou se precisará permanecer em vigilância constante. Uma coisa, porém, já está clara: a democracia brasileira foi testada ao limite e resistiu. E isso, por si só, já é uma vitória histórica.
O veredicto da Primeira Turma do STF não julgará apenas os réus no banco dos acusados. Julgará a própria capacidade da democracia brasileira de se defender, se renovar e se fortalecer diante dos desafios do século XXI. E, pelos indícios revelados ao longo de quase três anos de investigação, essa democracia está mais forte do que nunca.
Esta reportagem foi baseada em documentos oficiais da Polícia Federal, denúncia da Procuradoria-Geral da República, decisões do Supremo Tribunal Federal e fontes jornalísticas verificadas. Todos os fatos narrados estão devidamente documentados nos autos dos inquéritos e ações penais em curso.




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