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Por: Raul Silva


O universo literário viveu um ano de intensas emoções e transformações em 2024. Com grandes lançamentos, homenagens marcantes e algumas perdas significativas, a literatura reafirmou seu papel como ponte entre gerações, culturas e ideias. No último dia do ano, o podcast Radar Literário estreou com uma retrospectiva completa sobre os acontecimentos mais importantes da literatura brasileira e mundial. Apresentado por Raul Silva, jornalista, escritor e especialista em literatura, o programa é uma produção da Ágora Comunicação Digital, gravado no Mundi Ex-Libri Studio, e se posiciona como o novo formato de notícias dentro do consolidado podcast Teoria Literária.


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A edição inaugural do Radar Literário trouxe uma análise detalhada do cenário literário de 2024, começando pelos destaques do Brasil. Entre os marcos do ano, um dos primeiros momentos de grande impacto foi o anúncio de 24 lançamentos literários pela Editora Gazeta, ainda em janeiro. A promessa de uma agenda robusta para os leitores indicava que o ano seria repleto de novidades. Essa expectativa foi confirmada em eventos como o Circuito Literário de Pernambuco (CLIPE), realizado no Parque de Exposições do Cordeiro, no Recife, onde temas como diversidade, igualdade racial e educação foram debatidos com entusiasmo.


O estado de Pernambuco teve um papel de destaque ao longo de 2024, consolidando-se como um polo de efervescência cultural. A XIV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, realizada em Olinda, foi um dos eventos mais celebrados do ano. Com o tema "Fome de quê? Você é o que você lê!", a Bienal reuniu milhares de visitantes e apresentou uma programação diversa, que incluiu autores consagrados e emergentes, editoras de todo o país e discussões sobre a importância da leitura em tempos desafiadores. Em novembro, o retorno da Fliporto, também em Olinda, trouxe ainda mais brilho ao cenário literário pernambucano, homenageando Raimundo Carrero, um dos maiores escritores do estado, e Chico Science, ícone da música e cultura regional.


No campo das premiações, 2024 reservou momentos emocionantes. Micheliny Verunschk, escritora pernambucana, conquistou o Prêmio Oceanos com o romance Caminhando com os Mortos, reafirmando a força da literatura produzida no estado. Já o Prêmio Jabuti destacou Itamar Vieira Junior, vencedor na categoria Romance Literário com Salvar o Fogo. Esses reconhecimentos não apenas celebram talentos individuais, mas também reforçam a relevância da literatura brasileira no cenário global.


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O podcast também explorou o panorama internacional, começando com o impacto do Prêmio Nobel de Literatura, cujo vencedor trouxe à tona questões universais que dialogam com os desafios contemporâneos. O Prêmio José Saramago, voltado para autores lusófonos, também ganhou destaque, apontando para novos talentos que prometem moldar o futuro da literatura em língua portuguesa.


Adaptações de grandes obras literárias para o cinema e o streaming movimentaram o mercado e engajaram novos públicos. Entre os destaques, uma nova versão cinematográfica de O Senhor das Moscas e a série baseada em Nós, de Ievguêni Zamiátin, reacenderam debates sobre liberdade e controle em tempos digitais. O fortalecimento da literatura africana também foi abordado, com autores como Chimamanda Ngozi Adichie e Abdulrazak Gurnah conquistando novos leitores ao redor do mundo, mostrando a força e a diversidade das narrativas produzidas no continente.


No segmento de homenagens, o Radar Literário destacou o Dia do Cordelista, celebrado em novembro, que reafirmou a importância dessa tradição como patrimônio cultural brasileiro. Conceição Evaristo, uma das principais vozes da literatura contemporânea, foi homenageada na Flup e teve sua obra incluída no acervo da Casa de Rui Barbosa, um marco de representatividade e reconhecimento.


Por outro lado, 2024 também foi marcado por perdas significativas. Dalton Trevisan, um dos maiores contistas do Brasil, faleceu aos 99 anos, deixando um legado literário de profundidade e intensidade ímpares. Sua obra, marcada por narrativas curtas e contundentes, segue como referência para gerações de escritores. No cenário internacional, a morte de Maggie Smith, conhecida por interpretar personagens literários icônicos como Minerva McGonagall na série Harry Potter, deixou um vazio no coração de fãs e admiradores de sua contribuição para a cultura.



O episódio inaugural do Radar Literário não apenas revisitou os principais acontecimentos do ano, mas também lançou um olhar esperançoso para 2025. Com as Dicas de Leitura para 2025 já disponíveis em todas as plataformas, Raul Silva convidou os ouvintes a planejar suas próximas leituras, incentivando a descoberta de novos autores, gêneros e formatos. A ascensão dos audiolivros e o fortalecimento da literatura digital foram apontados como tendências que devem continuar moldando o mercado editorial.


Encerrando com uma mensagem de otimismo, Raul Silva agradeceu aos ouvintes por acompanharem a estreia do novo formato e reforçou o compromisso do Radar Literário em trazer análises dinâmicas e envolventes para o público em 2025. Com uma equipe dedicada e uma proposta inovadora, o podcast promete continuar sendo uma referência para os amantes da literatura.


Produzido pela Ágora Comunicação Digital e gravado no Mundi Ex-Libri Studio, o Radar Literário já começou a conquistar seu espaço no coração dos ouvintes. Em um mundo onde as histórias nos conectam e nos transformam, o programa chega como uma celebração à literatura em todas as suas formas, garantindo que cada página virada seja uma experiência memorável.

 
 
 
  • Foto do escritor: Raul Silva
    Raul Silva
  • 1 de jan. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 29 de dez. de 2024

Sabe quando você se depara com um texto que aparentemente foi exagerado para se tornar mais dramático ao leitor? Pois é o que acontece aqui, os relatos são muito interessantes, mas às vezes, parece que estou lendo o roteiro de uma série de TV e não o relato de um médico patologista sobre um caso real.


Não que o livro seja de todo ruim, afinal, é preciso tornar o texto “entendível” para leigos da patologia forense e esse é sem dúvida um dos pontos fortes do livro. Contudo, muitas vezes, parece exagerado demais e o texto fica mais parecido com um documentário sensacionalista do Discovery do que com um livro com histórias reais. O autor, ou autores, acabam por sua vez, ganhando pontos com o leitor por escolherem uma forma simples de contar as histórias, fazendo uso vários paralelos com outros casos famosos e de grande repercussão na construção do texto. O que faz com que o livro acabe se saindo bem mais narrativo do que eu pensei que seria a primeira vista.

A narrativa começa com um caso de assassinato de um jovem rapaz negro que foi morto por um homem branco, o que acaba gerando uma grande repercussão nos EUA, principalmente com questões sobre as armas e a luta pelos direitos civis da comunidade afro-americana e termina com um polêmica envolvendo a morte de Vincent Van Gogh. O panorama dos casos é traçado de uma maneira bastante “romantizada”, a única coisa que realmente leva o leitor a ter um frio na barriga é o fato de estes casos serem reais. O livro, na verdade, lembra bastante aqueles documentários do History Channel sobre crimes bárbaros ou perseguições históricas a seriais killers.

O Dr. Di Maio adota uma mesma fórmula ao longo de todo o livro: explana a partir do crime e do que aconteceu, passando pelo ocorrido no dia do crime, pela história da vítima – ou vítimas – e todos os envolvidos no caso, até como a mídia influencia as pessoas com suas próprias deliberações que não vão além do que se diz sobre o que aconteceu, muitas vezes sem examinar os fatos, formando “detetives/investigadores de poltrona” como o próprio autor chama as pessoas que emitem opiniões sobre assuntos que não compreendem ou não têm conhecimento suficiente para compreender. A partir disso ele discorre sobre os aspectos forenses do caso e explica como chegou as conclusões sobre o ocorrido através dos métodos científicos, sempre salientando a imparcialidade da ciência e do perito forense.

A forma de expor os casos é muito interessante e visa a total compreensão do leitor, de modo que, apesar de ser um livro meio técnico sobre crimes, investigação e patologia forense, é muito simples entender como funcionam as investigações e como ocorreram os crimes. Porém, apesar de ser bastante fluído, o livro peca com repetições desnecessárias de informação. Por exemplo, os autores deixam bem claro, o tempo todo, que têm segurança naquilo que estão dizendo e que dominam o assunto. Porém, ficar reafirmando inúmeras vezes o compromisso que têm com a verdade das provas, meio que da margem a algumas interpretações como a de que dizem isso apenas pra se resguardar de processos futuros ou que na verdade estão mais preocupados com suas carreiras, não com os casos, e que dizem isso apenas na tentativa de convencer o leitor a não pensar o contrário. No final eu fiquei meio na dúvida se deveria ou não acreditar no que dizem. O livro, por fim, acaba se transformando em um documento de defesa ao trabalho do patologista forense, que na visão dos autores é baste mal visto pela comunidade médica e muitas vezes mal compreendido pela comunidade jurídica.

Outro aspecto que me deixa com a pulga atrás da orelha, é a tendência do Dr. Vincent di Maio parecer ser meio arrogante e cheio de si em alguns trechos. A impressão que fica é de como se o trabalho de outros nunca fosse tão bom quanto o dele. Não sei se isso se deve a tradução do texto ou a escrita do coautor Ron Francell, mas essa é a sensação que tive em muitas partes do livro. Porém, em outros momentos, o mesmo também se revela bastante humano e emotivo em relação aos aspectos do caso e das pessoas envolvidas. Dessa forma, não consegui formar uma opinião a respeito dele.

No final, o que posso dizer com certeza é que o livro nos dá um novo olhar sobre o trabalho do patologista forense que, em algumas ocasiões, é retratado como um esquisitão que aparenta ter um fetiche com a morte e em outras como um super-herói que precisa resolver sozinho o quebra-cabeça com suas ferramentas tecnológicas de alto nível, por que os outros são incapazes disso. Nesse ponto, os autores foram eficientemente capazes de nos mostrar a verdadeira face desse trabalho, suas principais dificuldades longe das soluções milagrosas das séries de TV, mostrando que nem tudo é como pinta CSI.

Raul G. M. Silva.

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