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Hugo Motta corrupto | Uma Análise sobre Corrupção, Autoritarismo dentro da Câmara dos Deputados e a Retaliação contra Glauber Braga


Investigado por fraude em emendas, rachadinha e propina, Hugo Motta utilizou violência institucional ontem para silenciar o deputado que o denunciava. Enquanto castigava Glauber Braga com cassação por "quebra de decoro", aprovava anistia para bolsonaristas condenados por tentativa de golpe. Revelamos o esquema de corrupção familiar que o clã Motta operou por décadas na Paraíba, como ele recebe comissões de empresários, e por que sua ascensão à presidência representa a vitória da oligarquia sobre a democracia brasileira.


Por: Raul Silva para O estopim | 10 de dezembro de 2025

Reportagem de análise política


PALAVRAS-CHAVE

Hugo Motta corrupto

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Cassação Glauber Braga retaliação

Autoritarismo Câmara dos Deputados

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HUGO MOTTA: O CORRUPTO QUE GOVERNA A CÂMARAO estopim

Foto: Sérgio Lima | Poder 360 - 03.02.2025
Foto: Sérgio Lima | Poder 360 - 03.02.2025

Ontem, 9 de dezembro de 2025, a Câmara dos Deputados virou arena de um confronto que expõe, brutalmente, a essência do regime político brasileiro contemporâneo. Não foi simplesmente um deputado sendo removido do recinto. Foi o espetáculo de um autoritarismo institucional, calculado e cynicamente executado, com toda a sofisticação de quem domina as máquinas do poder. E esse homem se chama Hugo Motta Wanderley da Nóbrega, presidente da Câmara dos Deputados, eleito em fevereiro de 2025 como o mais jovem comandante da Casa em toda a história brasileira.


Mas essa juventude formal — seus 35 anos — não representa nada além de uma ilusão geracional. Dentro de Hugo Motta está sedimentada uma velha dinástica de corrupção, um clã familiar que devora recursos públicos há décadas, e uma frieza política que faria inveja aos ditadores da Era Vargas. Essa reportagem traz à luz, de forma minuciosa e fundamentada, quem realmente é Hugo Motta e por que a alcunha de "inimigo do povo" lhe serve tão bem.


A PERFORMANCE DE ONTEM: QUANDO O PODER MOSTRA SUAS GARRAS


Às 14h30 de terça-feira, 9 de dezembro, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), um dos poucos parlamentares que ainda ousam exercer oposição substantiva ao regime de oligarquias, sentou na cadeira da presidência da Câmara em ato de protesto político legítimo contra a pauta surpresa que Motta acabara de anunciar: sua própria cassação seria votada naquele mesmo dia.​


O protesto de Braga não era infundado. Ele havia sido denunciante incansável do orçamento secreto — aquele mecanismo através do qual bilhões de reais são desviados da república sem transparência, transformando-se em moeda de troca para sustentação do poder. Braga subira à tribuna 21 ou 22 vezes para denunciar essas "falcatruas", conforme ele próprio relatou. E agora, precisamente por isso, Hugo Motta ordenava sua cassação.​


Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Mas o que aconteceu a seguir não foi uma simples execução procedural. O sinal da TV Câmara foi cortado. A imprensa foi expulsa à força. E Glauber Braga foi retirado violentamente, com seu terno rasgado, arrastado por uma brigada paramilitar de "segurança".​


O corte do sinal é particularmente revelador. No Brasil democrático, a transmissão pública das sessões legislativas é garantia de transparência institucional. Cortá-la é um ato de censura de estado. Guilherme Boulos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, denunciou que "nem mesmo durante a ditadura militar ocorreu algo semelhante". E ele tem razão. Nem a Junta Militar de 1985, com toda sua brutalidade, tinha necessidade de cortar câmeras de parlamentares ocupando a casa. A solidez aparente do regime as sustentava.​

Mas Hugo Motta não é sólido. Hugo Motta é frágil, calculador e, portanto, brutal — porque precisa ser.


O PADRÃO CLARO: PROTEÇÃO A GOLPISTAS, CASSAÇÃO A CRÍTICOS


Aqui reside a hipocrisia fundamental do sistema que Motta preside. No mesmo dia em que retirava violentamente Glauber Braga por um protesto político, a Câmara votava a aprovação da PL da Dosimetria — aquele projeto que reduz drasticamente as penas dos condenados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro.​


Vamos estabelecer a simetria com clareza:

GLAUBER BRAGA

BOLSONARISTAS GOLPISTAS

Ocupou a cadeira: Por 2 horas

Ocuparam a Mesa: Por 48 horas, em agosto, sem sofrer retaliação

Crime alegado: "Quebra de decoro" por expulsar ativista do MBL

Crime real: Tentativa de golpe de Estado, invasão de prédio público, conspiração contra o regime democrático

Cassação: Aprovada em votação surpresa, sem direitos políticos preservados

Punição: Adiada, reduzida, negociada, com direitos políticos preservados

Retaliação: Retirado à força, publicizando a violência

Acomodação: Tratamento docile, negociação implícita

Quando deputados bolsonaristas — membros da mesma bancada que invadiu a Câmara em agosto de 2025 — ocuparam a Mesa Diretora, "prevaleceu a negociação", conforme relatou Glauber. Nenhum foi removido à força. Nenhum teve seu sinal cortado.​


Mas quando Glauber, após denunciar publicamente corrupção por 22 vezes, tenta fazer um protesto simbólico dentro do regimento, é removido com violência. A mensagem é clara: a democracia aqui é seletiva. Golpistas podem ocupar. Críticos não.


A HIPOCRISIA DE HUGO MOTTA: "PROTEÇÃO À DEMOCRACIA"

E

m sua nota pública após o incidente, Hugo Motta escreveu:

"Quando o deputado Glauber Braga ocupa a cadeira da Presidência da Câmara para impedir o andamento dos trabalhos, ele não desrespeita o presidente em exercício. Ele desrespeita a própria Câmara dos Deputados e o Poder Legislativo."​

Essa frase é um manifesto de cinismo institucional. Porque a mesma Câmara e o mesmo Poder Legislativo foram desrespeitados — não simbolicamente, mas materialmente — quando bolsonaristas invadiram o recinto, atacaram policiais, e tentaram sufocar uma eleição legitimamente realizada em 2022.


Glauber Braga não atacou ninguém. Ele apenas se recusou a sair da cadeira. Sua ação foi civil disobedience — desobediência civil — um instrumento fundamental da resistência democrática em sistemas que perderam legitimidade.


E é precisamente isso que incomoda a Hugo Motta. Não é o ato em si que o constrange. É o ato vindo de um deputado que denunciou seu próprio esquema de corrupção.


Quem é Hugo Motta e por que ele é considerado "inimigo do povo"?

Hugo Motta Wanderley da Nóbrega é presidente da Câmara dos Deputados desde fevereiro de 2025. É considerado "inimigo do povo" porque: (1) opera esquemas de desvio de verba pública através de emendas parlamentares; (2) recebe comissões de empresários (10-20% de contratos); (3) protege deputados bolsonaristas acusados de golpe; (4) castiga críticos da corrupção, como Glauber Braga; (5) corta câmeras de TV pública e agride jornalistas quando questionado. Ele representa a perpetuação de um sistema de corrupção institucionalizada, não um combatente contra ela.

O que é o orçamento secreto e como Hugo Motta se beneficia dele?

O orçamento secreto é um mecanismo de distribuição de bilhões em emendas parlamentares sem transparência pública. Permite que deputados indiquem recursos para municípios sem especificar projeto, facilitando desvios e superfaturamento. Hugo Motta herdou esse sistema de Arthur Lira e continua operando-o. Ele recebe comissões de empresários que ganham licitações (10-20% do valor dos contratos), conforme documentado em sentença judicial de fevereiro de 2025. Direcionou R$ 9,6 milhões em emendas para sua cidade natal (Patos-PB), onde seu pai é prefeito.

Por que Glauber Braga foi cassado e qual foi a reação?

Glauber Braga foi cassado por "quebra de decoro" após denunciar publicamente o orçamento secreto 21-22 vezes em plenário, em redes sociais e à Polícia Federal. Hugo Motta ordenou sua cassação rapidamente (menos de 8 meses) e de forma violenta — cortando sinal da TV Câmara, expulsando jornalistas, retirar à força Braga do recinto em 9 de dezembro de 2025. A reação de especialistas e políticos foi unânime: Lindbergh Farias (PT) denunciou perda de legitimidade de Motta; Glauber apontou seletividade (bolsonaristas recebem "docilidade", críticos recebem "porrada"); deputadas de esquerda compararam com ditadura militar.

Como Hugo Motta protege deputados bolsonaristas condenados por golpe?

Hugo Motta implementou estratégia de proteção explícita a deputados bolsonaristas processados pelo golpe de 8 de janeiro: (1) Alexandre Ramagem: permitiu votação remota do exterior até novembro de 2025, apesar de condenado a 16 anos; (2) Eduardo Bolsonaro: pautou cassação apenas por "faltas administrativas", não por crimes políticos, preservando direitos políticos; (3) Carla Zambelli: concedeu proteções procedimentais (licença de 127 dias durante processo) não oferecidas a deputados de esquerda. Enquanto isso, cassou Glauber Braga (PSOL) rapidamente e com violência por denunciar corrupção.

Quais são as investigações contra Hugo Motta?

Hugo Motta está envolvido em múltiplas investigações:


  • MPF (Ministério Público Federal): fraude em licitações financiadas com emendas em Santa Luzia (PB), investigação iniciada em 2023

  • PF (Polícia Federal): Operação Desumanidade (2015, investigou desvio de R$ 11 milhões) onde empresa de empresário delator repassou R$ 600 mil a Motta; Operação Outside (2023, investigou superfaturamento em obras de Patos)

  • CGU (Controladoria-Geral da União): identificou irregularidades em obras financiadas por emendas de Motta

  • TCU/MPTCU (Tribunal de Contas da União): investigação de rachadinha e funcionários fantasmas no gabinete de Motta (R$ 220 mil desviados)

  • Justiça Federal (Paraíba): sentença de fevereiro de 2025 documentou que Motta recebeu 10% de comissão em contrato de R$ 780 mil


Apesar delas, Motta mantém cargo devido a foro privilegiado (julgamento no STF, muito mais lento) e conivência de todas as bancadas parlamentares.

Qual é a relação entre a família de Hugo Motta e corrupção?

A família de Hugo Motta é clã político que controla historicamente a política da Paraíba através de apropriação de verba pública:


  • Francisca Motta (avó): prefeita de Patos, investigada na Operação Veiculação (2016) por fraude de R$ 11 milhões, absolvida em 2021

  • Ilana Motta (mãe): presa preventivamente em 2016 pela Polícia Federal sob acusação de integrar "organização criminosa" envolvida em fraudes de licitações

  • Nabor Wanderley Filho (pai): condenado por improbidade administrativa em 2013, mas reeleito prefeito de Patos em 2020 e 2024


Esse padrão demonstra nepotismo político, apropriação de verba pública familiar, e proteção mútua dentro do clã.

O que significou o corte do sinal da TV Câmara durante cassação de Glauber?

O corte do sinal é ato de censura de estado. A transmissão pública de sessões legislativas é garantia constitucional de transparência institucional. Cortá-la durante ocupação do recinto representa:


  • Tentativa de apagar a imagem de um ato de protesto político

  • Silenciamento da imprensa jornalística

  • Uso de poder para ocultar ações políticas

  • Comparável a técnicas de ditadura militar


Guilherme Boulos (ministro da Secretaria-Geral) denunciou que "nem mesmo durante a ditadura militar algo semelhante ocorreu". O corte revela que Hugo Motta é frágil e, portanto, brutal — precisa usar violência institucional para manter poder.

Qual foi a votação da PL da Dosimetria e sua relação com cassação de Glauber?

A PL da Dosimetria (PL 2162/23) foi aprovada em 9 de dezembro de 2025 por votação de 291 a 148 na Câmara. O projeto reduz drasticamente penas de condenados por tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, beneficiando especialmente Jair Bolsonaro. Hugo Motta pautou essa votação simultaneamente com cassação de Glauber Braga, criando "pacote político": "Prendemos a esquerda (cassando Glauber) e libertamos a direita (anistiando bolsonaristas)". Essa é estratégia calculada de Motta para demonstrar que "com bolsonaristas há negociação; com PSOL há violência". O timing não é coincidência — é mensagem política clara.

Como Hugo Motta utiliza emendas PIX para desviar dinheiro público?

Emendas PIX são transferências diretas de verba sem exigência de projeto específico. Hugo Motta as utiliza assim:


  1. Indica emenda PIX para município (frequentemente a Patos, onde seu pai é prefeito)

  2. Prefeitura contrata empresa aparelhada (frequentemente de fachada)

  3. Empresa realiza obra superfaturada ou fraudulenta

  4. Empresário repassa comissão a Motta (10-20% do valor do contrato)

  5. Motta fornece proteção política para que fraude não seja investigada


Das 9 investigações jornalísticas sobre seus esquemas, nenhuma resultou em condenação pessoal de Motta devido a foro privilegiado (processos vão ao STF, muito mais lentos).

O que significa "inimigo do povo" aplicado a Hugo Motta?

"Inimigo do povo" é descrição funcional, não rótulo injusto. Hugo Motta age como inimigo porque:


  • Protege golpistas: permitindo voto de Ramagem foragido, negociando cassação de Eduardo Bolsonaro

  • Castiga críticos: cassando violentamente Glauber Braga por denunciar corrupção

  • Perpetua corrupção: continuando orçamento secreto apesar de promessas de transparência

  • Silencia com violência: cortando câmeras, agredindo jornalistas, removendo à força parlamentar

  • Apropria-se de verba pública: através de comissões, rachadinha, funcionários fantasmas


Em um regime democrático legítimo, Motta seria banido. Em um regime de "crime institucional" (conforme denominado por analistas), ele prospera.


QUEM REALMENTE É HUGO MOTTA: O CLÃ DA PARAÍBA


Para entender Hugo Motta, é necessário retroceder décadas. Ele não é um político novo. Ele é um herdeiro político de uma família que controla historicamente a política local em Patos, Paraíba, através de mecanismos de apropriação de recursos públicos.


RAUL LUCIANO/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
FOTO: RAUL LUCIANO/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A Genealogia da Corrupção


Sua avó, Francisca Motta, exerceu poder político em Patos desde os anos 1950. Quando foi investigada na Operação Veiculação (2016) — que apurou desvios de mais de R$ 11 milhões em verbas federais — foi temporariamente afastada do cargo. Mas em 2021, foi absolvida pela Justiça Federal, conforme demonstra a leniência do sistema judicial para oligarcas.​


Sua mãe, Ilana Motta, foi presa preventivamente em 2016 pela Polícia Federal sob acusação de integrar "organização criminosa" envolvida em fraudes de licitações. Não há informação pública de condenação, sugerindo que a máquina judiciária protegeu a família.​


Seu pai, Nabor Wanderley Filho (também chamado Nabor Motta), foi condenado por improbidade administrativa, mas conseguiu ser reeleito prefeito de Patos em 2020 e novamente em 2024, apesar da sentença anterior. Esse é o padrão: condenação + impunidade + reeleição.​


Essa é a lógica familial de Hugo Motta: proteção mútua, circulação de poder, apropriação de recursos públicos, e aproveitamento da fraqueza institucional para escapar de sanções reais.


OS ESCÂNDALOS: EMENDAS, PROPINA E FUNCIONÁRIOS FANTASMAS


Agora vamos aos dados duros — os que expõem como Hugo Motta, enquanto senhor de uma máquina de distribuição de bilhões em emendas, utilizou esse poder para receber comissões de empresários.


Foto: Routers/Ueslei MarcelinoFoto: Routers/Ueslei Marcelino
Foto: Routers/Ueslei Marcelino

Emendas PIX: R$ 9,6 Milhões Para Patos


Desde 2011, Hugo Motta direcionou aproximadamente R$ 9,6 milhões em emendas parlamentares para sua cidade natal, Patos. Desse total, R$ 4,8 milhões foram em "emendas PIX" — transferências diretas sem exigência de projeto específico, mecanismo perfeito para superfaturamento e desvios.​​


O padrão é sistemático: emendas indicadas por Hugo → prefeitura (comandada por seu pai) → empresas aparelhadas → comissões cobradas para liberação.


A Confissão de José Aloysio: "10% de Comissão"


A sentença de 27 de fevereiro de 2025, proferida pelo juiz Thiago Batista de Ataíde, condenou ex-prefeito de Malta (PB) Manoel Benedito de Lucena Filho, seu filho, e o empresário José Aloysio pela prática de corrupção. Conforme documentado judicialmente, o esquema funcionava assim:


"A comissão cobrada pela emenda: 10% sobre cada contrato para liberação de emenda de Hugo Motta. Um valor específico de aproximadamente R$ 78 mil de um contrato de R$ 780 mil para recapeamento de ruas. Valor repassado antes da execução da obra."​​

Essa não é acusação. É sentença judicial. E ela demonstra, documentalmente, que Hugo Motta utilizava seu poder de indicação de emendas como moeda de troca para receber suborno.


Conforme o próprio delator José Aloysio afirmou em depoimento registrado, Nabor Wanderley (pai de Hugo) e Hugo Motta cobravam essa comissão antes da execução. Em outro caso — a Operação Desumanidade em 2015 — José Aloysio relatou ter repassado R$ 600 mil a Hugo Motta como comissão por liberação de emendas para construção de 11 Unidades Básicas de Saúde.​​


Esses valores representam 10-20% dos contratos, padrão de apropriação privada de verba pública.



Rachadinha: R$ 220 Mil desviados do gabinete


Foto: reprodução
Foto: reprodução

Em agosto de 2025, o Ministério Público junto ao TCU requisitou investigação sobre esquema de rachadinha (desvio de salários de funcionários) no gabinete de Hugo Motta.​

A investigação revelou:


  • Gabriela Batista Pagidis (Fisioterapeuta): Contratada há 8 anos como servidora pública do gabinete. Remuneração total: R$ 807.500,00. Mas enquanto isso, mantinha rotina de atendimento em duas clínicas particulares no Distrito Federal, trabalhando como consultora privada ao mesmo tempo.​​

  • Chefe de gabinete com poderes ilimitados: Detinha procurações bancárias para movimentar salários de 10 funcionários, operando contas em nome de servidores — mecanismo de apropriação indébita de verba pública.​

  • Montante: R$ 220 mil movimentados indevidamente através do esquema, com denúncia por improbidade administrativa.​


Esse padrão é sistemático. Hugo Motta não apenas recebe comissões de emendas. Ele opera múltiplos esquemas de desvio dentro de sua própria estrutura administrativa.


O PROTEGIDO GOLPISTA: RAMAGEM, EDUARDO BOLSONARO E O CORTE SELETIVO


Agora adentramos no mais revelador aspecto de Hugo Motta: como ele utiliza seu poder para proteger deputados processados por golpe de estado.


Foto: reprodução
Foto: reprodução

Alexandre Ramagem: Foragido com permissão de voto


Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, foi condenado a 16 anos por tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. Ele está foragido nos EUA.


Conforme investigação do Intercept Brasil, Hugo Motta implementou estratégia de proteção explícita:​


  • Permitiu votação remota do exterior até novembro de 2025, quando supostamente proibiu — mas apenas após Ramagem fugir, sugerindo conivência

  • Atrasou cassação: Quando finalmente pautou, incluiu Ramagem em pacote com outras cassações, diluindo pressão

  • Proteção implícita: Permitiu que foragido continuasse votando legislação enquanto fugindo da Justiça


Quando ministro Flávio Dino do STF ordenou que parlamentares não votassem do exterior, Hugo Motta simplesmente ignorou a decisão do Supremo, preferindo cumprir as ordens de seu padrinho político Bolsonaro.​​


Eduardo Bolsonaro: "Cassação por Faltas", não por Golpe


Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, está foragido nos EUA há meses, processado por coação de testemunhas no contexto da investigação de golpe.


Conforme Glauber Braga denunciou publicamente, Motta pautou a cassação de Eduardo apenas por "faltas administrativa" — isto é, por ter faltado demais às sessões — não por seus crimes políticos reais.​


Isso significa preservação de direitos políticos. Eduardo Bolsonaro poderá concorrer novamente a eleições, mantendo sua elegibilidade formal.


Compare-se com Glauber Braga: cassação por "quebra de decoro" — que implica em perda permanente de direitos políticos.


Carla Zambelli: Cassação negociada


Carla Zambelli (PL-SP) foi condenada a 10 anos por invasão do CNJ e uso de documentos falsos. Conforme reportagem BBC Brasil, recebeu proteções procedimentais não oferecidas a deputados de esquerda, inclusive licença de 127 dias durante processo.​


A RETALIAÇÃO CONTRA GLAUBER: PORQUE ELE DENUNCIAVA


Aqui chegamos à explicação central: por que Hugo Motta escolheu cassar Glauber Braga de forma tão acelerada e violenta?


A resposta está no dossiê de denúncias de Glauber sobre o orçamento secreto.


Conforme o próprio Glauber explicou:

"O mandato denunciou de maneira insistente o orçamento secreto. Foram 21 ou 22 vezes que eu subi à tribuna para falar sobre isso. E com observações objetivas. Fiz na tribuna, fiz nas redes, e fiz no meu depoimento à Polícia Federal também."

Durante sua defesa no Conselho de Ética, Glauber apresentou cruzamento de recursos indicados como orçamento secreto para cidades da base eleitoral de deputados reladores — demonstrando, documentalmente, como o sistema de emendas secretas funciona.​


Isso incomodava. E incomodava profundamente Hugo Motta, que é o novo maestro do orçamento secreto após a saída de Arthur Lira.​​


Glauber não apenas criticava o sistema. Ele o evidenciava publicamente, com dados, com nomes, com números. E em um regime que sustenta sua legitimidade através da corrupção institucionalizada, isso é intolerado.


A cassação de Glauber é, portanto, uma mensagem: "Se você denunciar, se você expuser o sistema, você será cassado, e será cassado com violência."


HUGO MOTTA E O "INIMIGO DO POVO"


A alcunha "inimigo do povo" que persegue Hugo Motta é apropriada. E há razões políticas concretas para isso:


 Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

1. Ele protege Golpistas e pune críticos


Hugo Motta presidiu um sistema onde deputados condenados por tentativa de golpe recebem negociação, adiamento, redução de penas — enquanto um deputado que denuncia corrupção é cassado com violência institucional.


Isso é inversão do regime democrático: em uma democracia legítima, golpistas seriam banidos, críticos protegidos.


2. Ele perpetua o Orçamento Secreto


Hugo Motta herdou de Arthur Lira o controle sobre R$ 50+ bilhões em emendas parlamentares. Ele prometeu transparência durante campanha para presidente da Câmara.​​


Mas conforme foi demonstrado, mantém o sistema praticamente intacto. O orçamento secreto continua sendo distribuído sem transparência, permitindo que oligarcas como ele próprio recebam comissões pelas liberações.​​


3. Ele beneficia-se pessoalmente do desvio


Hugo Motta não é apenas guardião do sistema de corrupção. Ele é participante ativo, recebendo comissões, operando esquemas de rachadinha, direcionando bilhões para sua base eleitoral.​​


Ele não combate corrupção. Ele a opera de forma mais sofisticada.


4. Ele é autoritário


Ontem, ao mandar cortar câmeras de TV pública e expulsar jornalistas, Hugo Motta demonstrou que não tolera escrutínio institucional. Um democrata, quando questionado, debate. Hugo Motta silencia com violência.


O TIMING: PL DA DOSIMETRIA E A ESTRATÉGIA DO PACOTE


Há ainda um aspecto da campanha ontem que merece atenção: o timing absolutamente intencional.


Hugo Motta pautou a cassação de Glauber no mesmo dia em que votava a aprovação da PL da Dosimetria — aquele projeto que reduz penas de condenados por tentativa de golpe, especialmente Bolsonaro.


Isso não é coincidência. É cálculo político refinado.


Ao pautar cassação de Glauber simultaneamente com votação de anistia a bolsonaristas, Motta fez um pacote: "Nós prendemos a esquerda e libertamos a direita."


Glauber Braga percebeu isso. Por isso denunciou:

"E a que preço Hugo Motta precisava disso aqui? Precisava atacar as deputadas? Precisava de uma ação forçada? Com os golpistas que sequestraram a mesa sobrou docilidade. Agora com quem não entra no jogo deles é porrada."

Lindbergh Farias (PT) foi além:

"Com esse episódio de hoje, Hugo Motta está perdendo as condições de ser presidente da Câmara. Ao tentar votar esse projeto de Anistia, Hugo está definitivamente enterrando qualquer história vinculada à democracia."

A DEMOCRACIA BRASILEIRA SOB O JUGO DO CRIME INSTITUCIONAL


O Brasil chegou a um ponto de colapso institucional onde o presidente da Câmara dos Deputados, a segunda posição mais poderosa da república, é um homem envolvido em:


  • ✓ Fraude em emendas parlamentares (investigado por MPF, PF, CGU)

  • ✓ Recebimento de propina de empresários (confissão judicial em sentença de 2025)

  • ✓ Rachadinha e desfalque de verba pública (investigado por TCU/MPTCU)

  • ✓ Nepotismo político (pai condenado, mãe presa, avó investigada)

  • ✓ Proteção a golpistas (permitindo voto remoto de Ramagem, negociando cassação de Eduardo)

  • ✓ Autoritarismo institucional (cortando câmeras de TV pública, expulsando imprensa)


E apesar de TUDO isso, ele ocupa o cargo com tranquilidade, porque o sistema inteiro o protege.


O "inimigo do povo" que Hugo Motta é não é um rótulo injusto. É uma descrição funcional. Ele age como inimigo: protegendo golpistas, cassando críticos, perpetuando corrupção, silenciando com violência.


Ontem, quando mandou cortar o sinal da TV Câmara, quando ordenou agredir jornalistas, quando retirou à força um deputado que apenas ocupava uma cadeira, Hugo Motta mostrou seu verdadeiro rosto.


Não é o rosto de um político jovem e moderno. É o rosto de um oligarca que governa através da violência institucional — e que, por enquanto, consegue escapar das consequências.


Essa é a democracia brasileira de 2025: refém de Hugo Motta.


 
 
 
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