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Por: Raul Silva


O ano de 2025 promete ser um marco para a literatura no Brasil, com uma série de eventos literários já confirmados que vão movimentar o cenário cultural de norte a sul do país. De feiras locais a grandes festivais internacionais, o calendário literário de 2025 está repleto de oportunidades para leitores, escritores, editoras e todos os apaixonados por livros. Esses eventos não são apenas uma celebração da literatura, mas também uma forma de fortalecer a cadeia produtiva do livro, promover encontros inesquecíveis e valorizar as diversas expressões culturais que emergem em cada região do país.


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Entre os destaques está o Retiro para Escritores da Feira de Ficção Cristã e Cultura (FEFIC), que acontece de 17 a 19 de janeiro em Contagem, Minas Gerais. Esse evento é voltado exclusivamente para escritores de ficção cristã, oferecendo uma experiência imersiva com workshops, palestras e atividades que promovem a troca de experiências entre autores do gênero. Com temas que vão desde a construção de narrativas impactantes até a discussão sobre as tendências do mercado editorial cristão, o retiro promete ser um ponto de partida para escritores que buscam aprimorar suas técnicas e estabelecer conexões valiosas.


Abril chega com a aguardada 5ª Feira Literária de Tiradentes (FLITI), que transforma a histórica cidade mineira em um palco vibrante para a literatura entre os dias 11 e 14. A programação é extensa e inclui debates, palestras e lançamentos de livros, reunindo escritores consagrados e novos talentos em uma programação diversa que contempla leitores de todas as idades. As ruas e praças da cidade se tornam espaços de convivência cultural, com a literatura dialogando com outras manifestações artísticas, como música e artes plásticas.


Ainda em abril, entre os dias 26 e 4 de maio, acontece o Festival Literário Internacional de Poços de Caldas (Flipoços), um dos mais importantes festivais literários do Brasil. O Flipoços se destaca por suas mesas-redondas com temáticas que abordam desde questões contemporâneas até clássicos da literatura. Também é conhecido por suas oficinas que oferecem formação para escritores iniciantes e experientes, além de exposições e performances culturais que promovem um rico intercâmbio entre autores nacionais e internacionais.


Maio traz a 21ª Feira do Livro de Joinville, programada para 29 de maio a 8 de junho. Esta feira se diferencia por sua atmosfera acolhedora e pelo destaque dado às editoras independentes. Além de promover palestras, lançamentos de livros e espaços interativos que aproximam leitores e autores, o evento se consolida como um ponto de encontro para aqueles que desejam descobrir novos títulos e autores. As atividades para o público infantojuvenil merecem atenção especial, com contadores de histórias, oficinas de escrita e atividades lúdicas que incentivam o hábito da leitura desde cedo.


Em junho, a Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro, de 13 a 22, promete uma edição memorável. A presença de autores renomados como Lázaro Ramos e Thalita Rebouças é apenas o começo de uma programação repleta de debates, oficinas e lançamentos de livros que celebram a literatura em suas mais diversas expressões. O evento é também um ponto de encontro entre leitores e seus autores favoritos, proporcionando momentos únicos de troca e inspiração. Simultaneamente, a cidade de São Paulo será palco de sua Feira do Livro, programada para 14 a 22 de junho. Este evento prestará uma homenagem especial ao Rio de Janeiro, reconhecido como Capital Mundial do Livro pela UNESCO, oferecendo uma programação gratuita e variada que inclui espaços interativos, exposições temáticas e atividades voltadas para o público infantojuvenil.


O Nordeste também é destaque no calendário literário de 2025 com a XV Bienal Internacional do Livro de Pernambuco, que acontece de 3 a 12 de outubro no Recife. Consolidando-se como a maior feira literária da região, o evento destaca a produção literária regional, com espaços dedicados a autores locais e a literatura de cordel. Além disso, atrai grandes nomes da literatura nacional e internacional, tornando-se um espaço de diálogo entre tradição e inovação. O público pode esperar lançamentos de livros, debates, sessões de autógrafos e apresentações culturais que enriquecem ainda mais a experiência dos visitantes.


Por fim, encerrando o ano, a VIII Feira Literária Internacional de Campina Grande (FLIC) acontece de 10 a 16 de novembro. A FLIC celebra a literatura com uma programação variada que inclui lançamentos de livros, rodas de conversa, apresentações culturais e atividades interativas. O evento é uma excelente oportunidade para leitores conhecerem novos autores, explorarem diferentes gêneros literários e participarem de atividades que promovem a reflexão e o diálogo em torno da literatura.


O ano de 2025 será, sem dúvida, um período rico para a literatura no Brasil. Esses eventos representam não apenas a diversidade da produção literária nacional, mas também a conexão entre autores, leitores e profissionais do setor. São momentos que transcendem o ato de ler, permitindo experiências transformadoras e inesquecíveis para todos os envolvidos. Se você é um amante dos livros, não deixe de marcar essas datas no calendário e participar dessas celebrações que enaltecem a literatura e a cultura brasileira. Fique atento ao Radar Literário do site Teoria Literária para atualizações sobre esses e outros eventos. Nos vemos lá!

 
 
 

Por Raul Silva - Radar Literário.


O mercado editorial brasileiro enfrenta desafios históricos que vão desde a retração de leitores até o impacto de crises econômicas e mudanças no hábito de consumo. Nesse cenário, a proposta da Lei do Preço Fixo, conhecida como Lei Cortez, surge como uma possível solução para equilibrar as forças no setor e proteger livrarias de bairro da competição desigual com gigantes do comércio eletrônico. No entanto, a proposta gera intensos debates sobre sua viabilidade e impacto no acesso à leitura em um país onde a educação precária e a baixa cultura leitora são barreiras significativas.


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O que é a Lei do Preço Fixo e por que é defendida?

A Lei Cortez prevê que, no primeiro ano de lançamento, os livros sejam vendidos com um desconto máximo de 10%, medida que visa impedir grandes varejistas de oferecerem preços muito baixos. A lógica por trás dessa regulamentação, defendida por entidades como a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e a Associação Nacional de Livrarias (ANL), é garantir a sobrevivência das pequenas livrarias, fomentar a bibliodiversidade e evitar que editoras aumentem os preços de capa para compensar descontos excessivos exigidos por grandes players.


Experiências internacionais respaldam a medida: países europeus como França e Alemanha implementaram leis semelhantes com sucesso, observando um aumento na venda de livros e uma estabilização de preços. Contudo, críticos apontam que esses mercados possuem uma cultura leitora consolidada, diferentemente do Brasil, onde apenas 16% da população adulta comprou livros em 2024, segundo dados da Nielsen.


Impacto no preço dos livros e no acesso à leitura

Os defensores da lei argumentam que ela pode, a longo prazo, reduzir os preços, ao mitigar a pressão para aumento das margens de lucro das editoras. Entretanto, o contexto brasileiro é singular: desde 2006, o preço médio dos livros caiu 36,4% em termos reais, mas as vendas não acompanharam esse movimento. Além disso, a pesquisa Retratos da Leitura revela que o preço é um fator de impacto apenas para consumidores regulares de livros, enquanto o maior entrave para a leitura no Brasil é a falta de tempo (46%) e o desinteresse pela prática (32%).


Outro ponto crítico é que a Lei Cortez limita descontos em lançamentos, categoria que perdeu relevância no mercado nacional, representando apenas 15% do faturamento das editoras em 2023. Essa tendência reflete o declínio das livrarias físicas como pontos de descoberta de novas obras, reforçando a dominância das plataformas digitais, onde o preço é fator decisivo para 60% dos consumidores.


O desincentivo à leitura e a crise estrutural da educação

A baixa taxa de leitura no Brasil é um reflexo direto da crise estrutural na educação. Dados mostram que a alfabetização funcional ainda é um desafio em diversas regiões do país, especialmente no Norte e Nordeste, onde a ausência de livrarias físicas afeta 33% e 32% da população, respectivamente. A falta de políticas públicas consistentes para promover a leitura agrava o cenário. Enquanto nações com leis de preço fixo investem fortemente na formação de leitores, no Brasil, programas como a compra governamental de livros enfrentaram cortes significativos na última década.


O preço, embora relevante, é apenas parte do problema. Há uma desconexão cultural com a leitura, resultado de uma educação que não fomenta o hábito de ler desde cedo. Incentivar bibliotecas escolares, programas de leitura comunitários e campanhas nacionais seria essencial para ampliar a base leitora, uma estratégia que a Lei Cortez, isoladamente, não contempla.


Caminhos possíveis para o mercado editorial

A Lei do Preço Fixo pode ser um passo positivo para proteger pequenos negócios e estimular a bibliodiversidade, mas seu impacto só será efetivo se acompanhado de um esforço maior em políticas públicas que incentivem a leitura e democratizem o acesso aos livros. Investimentos em educação, ampliação de bibliotecas públicas e programas de incentivo à leitura são fundamentais para que o mercado editorial brasileiro se torne sustentável.


A crise do setor livreiro não será resolvida com uma única lei, mas com uma abordagem multidimensional que considere as especificidades do Brasil. Apenas assim será possível transformar o hábito da leitura em uma prática acessível e desejável para todos os brasileiros, rompendo o ciclo de exclusão cultural que atravessa gerações. Afinal, enquanto a leitura permanecer distante da realidade da maioria, qualquer medida será apenas paliativa frente ao desafio de democratizar o conhecimento no país.

 
 
 

Atualizado: 4 de jan.

Por Raul Silva, Radar Literário


O Ceará tem se destacado no cenário nacional como um exemplo de promoção da leitura e incentivo à educação cultural. De acordo com a 6ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgada em dezembro de 2024, 54% dos cearenses afirmaram ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses, enquanto a média nacional permanece em 47%. Esse índice coloca o estado como o único do Nordeste onde a maioria da população mantém o hábito da leitura, um contraste evidente com a tendência de queda observada na região.


Foto: depositphotos.com - Igor Vetushko
Foto: depositphotos.com - Igor Vetushko

Os fatores que explicam esse desempenho são múltiplos e interligados, com destaque para o papel das escolas, que têm sido agentes transformadores no incentivo à leitura. Aproximadamente 1,5 milhão de cearenses relataram ter sido estimulados a ler por meio de indicações escolares no mesmo período. Além disso, 49% dos leitores no estado afirmaram escolher livros de literatura por vontade própria, revelando um interesse genuíno que transcende as obrigações acadêmicas.


O acesso facilitado aos livros é outro ponto relevante. Muitas obras chegam às mãos dos leitores cearenses por meio de compras em livrarias físicas e plataformas digitais, mas também através de empréstimos em bibliotecas escolares e até como presentes. Essa diversidade de formas de acesso amplia significativamente as oportunidades de leitura e fortalece a relação da população com a literatura.


Mesmo em um cenário nacional desafiador, em que a redução do hábito de leitura é uma preocupação crescente, o Ceará mostra que políticas públicas bem estruturadas e o envolvimento ativo da comunidade escolar são determinantes. O estado colhe os frutos de um trabalho coletivo que une professores, bibliotecários, gestores públicos e famílias em torno de um objetivo comum: transformar a leitura em um hábito cultural enraizado.


Esse avanço literário tem impactos profundos não apenas no âmbito educacional, mas também na formação cultural e cidadã da população. O exemplo cearense é uma lição de como o investimento na educação e na promoção da leitura pode contribuir para um Brasil mais consciente, crítico e culturalmente rico.

 
 
 
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