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Atualizado: 4 de jan.

Por Raul Silva, Radar Literário


O Ceará tem se destacado no cenário nacional como um exemplo de promoção da leitura e incentivo à educação cultural. De acordo com a 6ª edição da pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, divulgada em dezembro de 2024, 54% dos cearenses afirmaram ter lido pelo menos um livro nos últimos três meses, enquanto a média nacional permanece em 47%. Esse índice coloca o estado como o único do Nordeste onde a maioria da população mantém o hábito da leitura, um contraste evidente com a tendência de queda observada na região.


Foto: depositphotos.com - Igor Vetushko
Foto: depositphotos.com - Igor Vetushko

Os fatores que explicam esse desempenho são múltiplos e interligados, com destaque para o papel das escolas, que têm sido agentes transformadores no incentivo à leitura. Aproximadamente 1,5 milhão de cearenses relataram ter sido estimulados a ler por meio de indicações escolares no mesmo período. Além disso, 49% dos leitores no estado afirmaram escolher livros de literatura por vontade própria, revelando um interesse genuíno que transcende as obrigações acadêmicas.


O acesso facilitado aos livros é outro ponto relevante. Muitas obras chegam às mãos dos leitores cearenses por meio de compras em livrarias físicas e plataformas digitais, mas também através de empréstimos em bibliotecas escolares e até como presentes. Essa diversidade de formas de acesso amplia significativamente as oportunidades de leitura e fortalece a relação da população com a literatura.


Mesmo em um cenário nacional desafiador, em que a redução do hábito de leitura é uma preocupação crescente, o Ceará mostra que políticas públicas bem estruturadas e o envolvimento ativo da comunidade escolar são determinantes. O estado colhe os frutos de um trabalho coletivo que une professores, bibliotecários, gestores públicos e famílias em torno de um objetivo comum: transformar a leitura em um hábito cultural enraizado.


Esse avanço literário tem impactos profundos não apenas no âmbito educacional, mas também na formação cultural e cidadã da população. O exemplo cearense é uma lição de como o investimento na educação e na promoção da leitura pode contribuir para um Brasil mais consciente, crítico e culturalmente rico.

 
 
 

Atualizado: 4 de jan.

Por: Raul Silva, Radar Literário.


Publicado pela primeira vez em 1605, o clássico “Dom Quixote de la Mancha”, de Miguel de Cervantes, celebra 420 anos de influência em 2025. Considerado por muitos como o maior romance já escrito, a obra transcendeu o tempo e as fronteiras geográficas, impactando culturas ao redor do mundo, incluindo a cidade do Recife, onde os temas de utopias, heroísmo e a complexidade humana encontraram ressonância em debates literários, artísticos e sociais.


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No Recife, a celebração do legado de Dom Quixote reflete a rica tradição literária da cidade, que por séculos manteve uma forte ligação com o pensamento humanista europeu. As ideias quixotescas, marcadas pelo idealismo e pela crítica à realidade, influenciaram os círculos intelectuais pernambucanos. Escritores e pensadores locais dialogaram com o simbolismo do cavaleiro da triste figura, trazendo sua busca por justiça e a luta contra os moinhos de vento para a realidade brasileira, marcada por desigualdades e desafios históricos.


A formação do leitor recifense sempre esteve conectada aos clássicos da literatura mundial, incluindo Cervantes. Durante o século XIX, livrarias locais já difundiam traduções de “Dom Quixote”, e os temas da obra ecoaram em movimentos literários como o romantismo pernambucano, que explorava o heroísmo e a loucura em suas narrativas. No século XX, a presença de Cervantes no Recife ampliou-se com apresentações teatrais no icônico Teatro de Santa Isabel, além de debates acadêmicos na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Mais recentemente, a obra tem sido revisitada em eventos promovidos por grupos literários, leituras comentadas e oficinas que buscam atrair novas gerações para o universo cervantino.


A conexão entre Dom Quixote e o Recife também é evidente na forma como a obra de Cervantes dialoga com as lutas sociais da cidade. Em um contexto onde tradição e modernidade se encontram, os dilemas quixotescos, que questionam normas sociais e desafiam a lógica prática, refletem as batalhas diárias dos recifenses por justiça, igualdade e inovação cultural.


Com a celebração de seus 420 anos, Dom Quixote convida os recifenses a refletirem sobre a atualidade de seus temas. Em tempos de crises sociais, climáticas e políticas, a figura de Dom Quixote nos lembra que, mesmo em meio às adversidades, o ato de sonhar e lutar por um ideal continua sendo essencial. Assim, o Recife se junta ao mundo para homenagear o cavaleiro da triste figura, cujo espírito revolucionário permanece vivo, inspirando gerações a desafiar a realidade e buscar o impossível.


 
 
 
  • Foto do escritor: Raul Silva
    Raul Silva
  • 21 de abr. de 2024
  • 2 min de leitura

Por: Michael Andrade

- Colunista do Teoria Literária (Novelas), Estudante de Jornalismo e Apreciador de Memes.


Em meu texto de estreia nesta página, vou falar sobre uma novela que estreou esta semana e que, particularmente, me conquistou já em seus primeiros minutos.


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No último dia 15, tivemos a estreia da centésima novela das seis da Globo, ‘No Rancho Fundo’. Livremente inspirada na peça ‘A Capital Federal’, de autoria de Artur Azevedo, a novela apresenta a história da ingênua e sonhadora sertaneja Quinota que logo em seus primeiros minutos está envolvida por Marcelo Gouveia, um típico “Bon Vivant”. Sua mãe, a garimpeira Zefa Leonel, se opõe a esse romance logo de cara, pois percebe que o rapaz não vai levar essa relação a sério e teme pela reputação de sua filha.


No desenrolar dos capítulos, nossa mocinha conhecerá Arthur, por quem se apaixonará. A trama é ambientada nas fictícias Lasca Fogo e Lapão da Beirada, no sertão da Paraíba, e ainda promete muito. Há muitos outros personagens ricos dos quais falarei em próximos textos.


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Mario Teixeira e Allan Fiterman repetem a parceria que iniciaram em ‘Mar do Sertão’. Inicialmente, a novela foi apontada como uma continuação da história de Timbo e C&A, mas oficialmente ela foi apresentada como um epílogo da trama anterior. O texto principal se passa pouco tempo após o encerramento da história de Candoca e Zé Paulino. Contudo, alguns personagens foram reaproveitados, incluindo o prefeito Sabá Bodó e sua esposa Nivalda, além da grande vilã Deodora, que ganhou novas camadas e está ainda mais malvada.


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A novela tem a leveza de uma fábula, encanta, prende e diverte. É daquelas novelas que o público deveria assistir longe do celular, para evitar que qualquer coisa tire a atenção do que se passa.

 
 
 
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