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Política

Hugo Motta corrupto | Uma Análise sobre Corrupção, Autoritarismo dentro da Câmara dos Deputados e a Retaliação contra Glauber Braga


Investigado por fraude em emendas, rachadinha e propina, Hugo Motta utilizou violência institucional ontem para silenciar o deputado que o denunciava. Enquanto castigava Glauber Braga com cassação por "quebra de decoro", aprovava anistia para bolsonaristas condenados por tentativa de golpe. Revelamos o esquema de corrupção familiar que o clã Motta operou por décadas na Paraíba, como ele recebe comissões de empresários, e por que sua ascensão à presidência representa a vitória da oligarquia sobre a democracia brasileira.


Por: Raul Silva para O estopim | 10 de dezembro de 2025

Reportagem de análise política


PALAVRAS-CHAVE

Hugo Motta corrupto

Orçamento secreto emendas PIX

Cassação Glauber Braga retaliação

Autoritarismo Câmara dos Deputados

Fraude emendas parlamentares paraíba

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HUGO MOTTA: O CORRUPTO QUE GOVERNA A CÂMARAO estopim

Foto: Sérgio Lima | Poder 360 - 03.02.2025
Foto: Sérgio Lima | Poder 360 - 03.02.2025

Ontem, 9 de dezembro de 2025, a Câmara dos Deputados virou arena de um confronto que expõe, brutalmente, a essência do regime político brasileiro contemporâneo. Não foi simplesmente um deputado sendo removido do recinto. Foi o espetáculo de um autoritarismo institucional, calculado e cynicamente executado, com toda a sofisticação de quem domina as máquinas do poder. E esse homem se chama Hugo Motta Wanderley da Nóbrega, presidente da Câmara dos Deputados, eleito em fevereiro de 2025 como o mais jovem comandante da Casa em toda a história brasileira.


Mas essa juventude formal — seus 35 anos — não representa nada além de uma ilusão geracional. Dentro de Hugo Motta está sedimentada uma velha dinástica de corrupção, um clã familiar que devora recursos públicos há décadas, e uma frieza política que faria inveja aos ditadores da Era Vargas. Essa reportagem traz à luz, de forma minuciosa e fundamentada, quem realmente é Hugo Motta e por que a alcunha de "inimigo do povo" lhe serve tão bem.


A PERFORMANCE DE ONTEM: QUANDO O PODER MOSTRA SUAS GARRAS


Às 14h30 de terça-feira, 9 de dezembro, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), um dos poucos parlamentares que ainda ousam exercer oposição substantiva ao regime de oligarquias, sentou na cadeira da presidência da Câmara em ato de protesto político legítimo contra a pauta surpresa que Motta acabara de anunciar: sua própria cassação seria votada naquele mesmo dia.​


O protesto de Braga não era infundado. Ele havia sido denunciante incansável do orçamento secreto — aquele mecanismo através do qual bilhões de reais são desviados da república sem transparência, transformando-se em moeda de troca para sustentação do poder. Braga subira à tribuna 21 ou 22 vezes para denunciar essas "falcatruas", conforme ele próprio relatou. E agora, precisamente por isso, Hugo Motta ordenava sua cassação.​


Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Mas o que aconteceu a seguir não foi uma simples execução procedural. O sinal da TV Câmara foi cortado. A imprensa foi expulsa à força. E Glauber Braga foi retirado violentamente, com seu terno rasgado, arrastado por uma brigada paramilitar de "segurança".​


O corte do sinal é particularmente revelador. No Brasil democrático, a transmissão pública das sessões legislativas é garantia de transparência institucional. Cortá-la é um ato de censura de estado. Guilherme Boulos, ministro da Secretaria-Geral da Presidência, denunciou que "nem mesmo durante a ditadura militar ocorreu algo semelhante". E ele tem razão. Nem a Junta Militar de 1985, com toda sua brutalidade, tinha necessidade de cortar câmeras de parlamentares ocupando a casa. A solidez aparente do regime as sustentava.​

Mas Hugo Motta não é sólido. Hugo Motta é frágil, calculador e, portanto, brutal — porque precisa ser.


O PADRÃO CLARO: PROTEÇÃO A GOLPISTAS, CASSAÇÃO A CRÍTICOS


Aqui reside a hipocrisia fundamental do sistema que Motta preside. No mesmo dia em que retirava violentamente Glauber Braga por um protesto político, a Câmara votava a aprovação da PL da Dosimetria — aquele projeto que reduz drasticamente as penas dos condenados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro.​


Vamos estabelecer a simetria com clareza:

GLAUBER BRAGA

BOLSONARISTAS GOLPISTAS

Ocupou a cadeira: Por 2 horas

Ocuparam a Mesa: Por 48 horas, em agosto, sem sofrer retaliação

Crime alegado: "Quebra de decoro" por expulsar ativista do MBL

Crime real: Tentativa de golpe de Estado, invasão de prédio público, conspiração contra o regime democrático

Cassação: Aprovada em votação surpresa, sem direitos políticos preservados

Punição: Adiada, reduzida, negociada, com direitos políticos preservados

Retaliação: Retirado à força, publicizando a violência

Acomodação: Tratamento docile, negociação implícita

Quando deputados bolsonaristas — membros da mesma bancada que invadiu a Câmara em agosto de 2025 — ocuparam a Mesa Diretora, "prevaleceu a negociação", conforme relatou Glauber. Nenhum foi removido à força. Nenhum teve seu sinal cortado.​


Mas quando Glauber, após denunciar publicamente corrupção por 22 vezes, tenta fazer um protesto simbólico dentro do regimento, é removido com violência. A mensagem é clara: a democracia aqui é seletiva. Golpistas podem ocupar. Críticos não.


A HIPOCRISIA DE HUGO MOTTA: "PROTEÇÃO À DEMOCRACIA"

E

m sua nota pública após o incidente, Hugo Motta escreveu:

"Quando o deputado Glauber Braga ocupa a cadeira da Presidência da Câmara para impedir o andamento dos trabalhos, ele não desrespeita o presidente em exercício. Ele desrespeita a própria Câmara dos Deputados e o Poder Legislativo."​

Essa frase é um manifesto de cinismo institucional. Porque a mesma Câmara e o mesmo Poder Legislativo foram desrespeitados — não simbolicamente, mas materialmente — quando bolsonaristas invadiram o recinto, atacaram policiais, e tentaram sufocar uma eleição legitimamente realizada em 2022.


Glauber Braga não atacou ninguém. Ele apenas se recusou a sair da cadeira. Sua ação foi civil disobedience — desobediência civil — um instrumento fundamental da resistência democrática em sistemas que perderam legitimidade.


E é precisamente isso que incomoda a Hugo Motta. Não é o ato em si que o constrange. É o ato vindo de um deputado que denunciou seu próprio esquema de corrupção.


Quem é Hugo Motta e por que ele é considerado "inimigo do povo"?

Hugo Motta Wanderley da Nóbrega é presidente da Câmara dos Deputados desde fevereiro de 2025. É considerado "inimigo do povo" porque: (1) opera esquemas de desvio de verba pública através de emendas parlamentares; (2) recebe comissões de empresários (10-20% de contratos); (3) protege deputados bolsonaristas acusados de golpe; (4) castiga críticos da corrupção, como Glauber Braga; (5) corta câmeras de TV pública e agride jornalistas quando questionado. Ele representa a perpetuação de um sistema de corrupção institucionalizada, não um combatente contra ela.

O que é o orçamento secreto e como Hugo Motta se beneficia dele?

O orçamento secreto é um mecanismo de distribuição de bilhões em emendas parlamentares sem transparência pública. Permite que deputados indiquem recursos para municípios sem especificar projeto, facilitando desvios e superfaturamento. Hugo Motta herdou esse sistema de Arthur Lira e continua operando-o. Ele recebe comissões de empresários que ganham licitações (10-20% do valor dos contratos), conforme documentado em sentença judicial de fevereiro de 2025. Direcionou R$ 9,6 milhões em emendas para sua cidade natal (Patos-PB), onde seu pai é prefeito.

Por que Glauber Braga foi cassado e qual foi a reação?

Glauber Braga foi cassado por "quebra de decoro" após denunciar publicamente o orçamento secreto 21-22 vezes em plenário, em redes sociais e à Polícia Federal. Hugo Motta ordenou sua cassação rapidamente (menos de 8 meses) e de forma violenta — cortando sinal da TV Câmara, expulsando jornalistas, retirar à força Braga do recinto em 9 de dezembro de 2025. A reação de especialistas e políticos foi unânime: Lindbergh Farias (PT) denunciou perda de legitimidade de Motta; Glauber apontou seletividade (bolsonaristas recebem "docilidade", críticos recebem "porrada"); deputadas de esquerda compararam com ditadura militar.

Como Hugo Motta protege deputados bolsonaristas condenados por golpe?

Hugo Motta implementou estratégia de proteção explícita a deputados bolsonaristas processados pelo golpe de 8 de janeiro: (1) Alexandre Ramagem: permitiu votação remota do exterior até novembro de 2025, apesar de condenado a 16 anos; (2) Eduardo Bolsonaro: pautou cassação apenas por "faltas administrativas", não por crimes políticos, preservando direitos políticos; (3) Carla Zambelli: concedeu proteções procedimentais (licença de 127 dias durante processo) não oferecidas a deputados de esquerda. Enquanto isso, cassou Glauber Braga (PSOL) rapidamente e com violência por denunciar corrupção.

Quais são as investigações contra Hugo Motta?

Hugo Motta está envolvido em múltiplas investigações:


  • MPF (Ministério Público Federal): fraude em licitações financiadas com emendas em Santa Luzia (PB), investigação iniciada em 2023

  • PF (Polícia Federal): Operação Desumanidade (2015, investigou desvio de R$ 11 milhões) onde empresa de empresário delator repassou R$ 600 mil a Motta; Operação Outside (2023, investigou superfaturamento em obras de Patos)

  • CGU (Controladoria-Geral da União): identificou irregularidades em obras financiadas por emendas de Motta

  • TCU/MPTCU (Tribunal de Contas da União): investigação de rachadinha e funcionários fantasmas no gabinete de Motta (R$ 220 mil desviados)

  • Justiça Federal (Paraíba): sentença de fevereiro de 2025 documentou que Motta recebeu 10% de comissão em contrato de R$ 780 mil


Apesar delas, Motta mantém cargo devido a foro privilegiado (julgamento no STF, muito mais lento) e conivência de todas as bancadas parlamentares.

Qual é a relação entre a família de Hugo Motta e corrupção?

A família de Hugo Motta é clã político que controla historicamente a política da Paraíba através de apropriação de verba pública:


  • Francisca Motta (avó): prefeita de Patos, investigada na Operação Veiculação (2016) por fraude de R$ 11 milhões, absolvida em 2021

  • Ilana Motta (mãe): presa preventivamente em 2016 pela Polícia Federal sob acusação de integrar "organização criminosa" envolvida em fraudes de licitações

  • Nabor Wanderley Filho (pai): condenado por improbidade administrativa em 2013, mas reeleito prefeito de Patos em 2020 e 2024


Esse padrão demonstra nepotismo político, apropriação de verba pública familiar, e proteção mútua dentro do clã.

O que significou o corte do sinal da TV Câmara durante cassação de Glauber?

O corte do sinal é ato de censura de estado. A transmissão pública de sessões legislativas é garantia constitucional de transparência institucional. Cortá-la durante ocupação do recinto representa:


  • Tentativa de apagar a imagem de um ato de protesto político

  • Silenciamento da imprensa jornalística

  • Uso de poder para ocultar ações políticas

  • Comparável a técnicas de ditadura militar


Guilherme Boulos (ministro da Secretaria-Geral) denunciou que "nem mesmo durante a ditadura militar algo semelhante ocorreu". O corte revela que Hugo Motta é frágil e, portanto, brutal — precisa usar violência institucional para manter poder.

Qual foi a votação da PL da Dosimetria e sua relação com cassação de Glauber?

A PL da Dosimetria (PL 2162/23) foi aprovada em 9 de dezembro de 2025 por votação de 291 a 148 na Câmara. O projeto reduz drasticamente penas de condenados por tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, beneficiando especialmente Jair Bolsonaro. Hugo Motta pautou essa votação simultaneamente com cassação de Glauber Braga, criando "pacote político": "Prendemos a esquerda (cassando Glauber) e libertamos a direita (anistiando bolsonaristas)". Essa é estratégia calculada de Motta para demonstrar que "com bolsonaristas há negociação; com PSOL há violência". O timing não é coincidência — é mensagem política clara.

Como Hugo Motta utiliza emendas PIX para desviar dinheiro público?

Emendas PIX são transferências diretas de verba sem exigência de projeto específico. Hugo Motta as utiliza assim:


  1. Indica emenda PIX para município (frequentemente a Patos, onde seu pai é prefeito)

  2. Prefeitura contrata empresa aparelhada (frequentemente de fachada)

  3. Empresa realiza obra superfaturada ou fraudulenta

  4. Empresário repassa comissão a Motta (10-20% do valor do contrato)

  5. Motta fornece proteção política para que fraude não seja investigada


Das 9 investigações jornalísticas sobre seus esquemas, nenhuma resultou em condenação pessoal de Motta devido a foro privilegiado (processos vão ao STF, muito mais lentos).

O que significa "inimigo do povo" aplicado a Hugo Motta?

"Inimigo do povo" é descrição funcional, não rótulo injusto. Hugo Motta age como inimigo porque:


  • Protege golpistas: permitindo voto de Ramagem foragido, negociando cassação de Eduardo Bolsonaro

  • Castiga críticos: cassando violentamente Glauber Braga por denunciar corrupção

  • Perpetua corrupção: continuando orçamento secreto apesar de promessas de transparência

  • Silencia com violência: cortando câmeras, agredindo jornalistas, removendo à força parlamentar

  • Apropria-se de verba pública: através de comissões, rachadinha, funcionários fantasmas


Em um regime democrático legítimo, Motta seria banido. Em um regime de "crime institucional" (conforme denominado por analistas), ele prospera.


QUEM REALMENTE É HUGO MOTTA: O CLÃ DA PARAÍBA


Para entender Hugo Motta, é necessário retroceder décadas. Ele não é um político novo. Ele é um herdeiro político de uma família que controla historicamente a política local em Patos, Paraíba, através de mecanismos de apropriação de recursos públicos.


RAUL LUCIANO/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
FOTO: RAUL LUCIANO/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A Genealogia da Corrupção


Sua avó, Francisca Motta, exerceu poder político em Patos desde os anos 1950. Quando foi investigada na Operação Veiculação (2016) — que apurou desvios de mais de R$ 11 milhões em verbas federais — foi temporariamente afastada do cargo. Mas em 2021, foi absolvida pela Justiça Federal, conforme demonstra a leniência do sistema judicial para oligarcas.​


Sua mãe, Ilana Motta, foi presa preventivamente em 2016 pela Polícia Federal sob acusação de integrar "organização criminosa" envolvida em fraudes de licitações. Não há informação pública de condenação, sugerindo que a máquina judiciária protegeu a família.​


Seu pai, Nabor Wanderley Filho (também chamado Nabor Motta), foi condenado por improbidade administrativa, mas conseguiu ser reeleito prefeito de Patos em 2020 e novamente em 2024, apesar da sentença anterior. Esse é o padrão: condenação + impunidade + reeleição.​


Essa é a lógica familial de Hugo Motta: proteção mútua, circulação de poder, apropriação de recursos públicos, e aproveitamento da fraqueza institucional para escapar de sanções reais.


OS ESCÂNDALOS: EMENDAS, PROPINA E FUNCIONÁRIOS FANTASMAS


Agora vamos aos dados duros — os que expõem como Hugo Motta, enquanto senhor de uma máquina de distribuição de bilhões em emendas, utilizou esse poder para receber comissões de empresários.


Foto: Routers/Ueslei MarcelinoFoto: Routers/Ueslei Marcelino
Foto: Routers/Ueslei Marcelino

Emendas PIX: R$ 9,6 Milhões Para Patos


Desde 2011, Hugo Motta direcionou aproximadamente R$ 9,6 milhões em emendas parlamentares para sua cidade natal, Patos. Desse total, R$ 4,8 milhões foram em "emendas PIX" — transferências diretas sem exigência de projeto específico, mecanismo perfeito para superfaturamento e desvios.​​


O padrão é sistemático: emendas indicadas por Hugo → prefeitura (comandada por seu pai) → empresas aparelhadas → comissões cobradas para liberação.


A Confissão de José Aloysio: "10% de Comissão"


A sentença de 27 de fevereiro de 2025, proferida pelo juiz Thiago Batista de Ataíde, condenou ex-prefeito de Malta (PB) Manoel Benedito de Lucena Filho, seu filho, e o empresário José Aloysio pela prática de corrupção. Conforme documentado judicialmente, o esquema funcionava assim:


"A comissão cobrada pela emenda: 10% sobre cada contrato para liberação de emenda de Hugo Motta. Um valor específico de aproximadamente R$ 78 mil de um contrato de R$ 780 mil para recapeamento de ruas. Valor repassado antes da execução da obra."​​

Essa não é acusação. É sentença judicial. E ela demonstra, documentalmente, que Hugo Motta utilizava seu poder de indicação de emendas como moeda de troca para receber suborno.


Conforme o próprio delator José Aloysio afirmou em depoimento registrado, Nabor Wanderley (pai de Hugo) e Hugo Motta cobravam essa comissão antes da execução. Em outro caso — a Operação Desumanidade em 2015 — José Aloysio relatou ter repassado R$ 600 mil a Hugo Motta como comissão por liberação de emendas para construção de 11 Unidades Básicas de Saúde.​​


Esses valores representam 10-20% dos contratos, padrão de apropriação privada de verba pública.



Rachadinha: R$ 220 Mil desviados do gabinete


Foto: reprodução
Foto: reprodução

Em agosto de 2025, o Ministério Público junto ao TCU requisitou investigação sobre esquema de rachadinha (desvio de salários de funcionários) no gabinete de Hugo Motta.​

A investigação revelou:


  • Gabriela Batista Pagidis (Fisioterapeuta): Contratada há 8 anos como servidora pública do gabinete. Remuneração total: R$ 807.500,00. Mas enquanto isso, mantinha rotina de atendimento em duas clínicas particulares no Distrito Federal, trabalhando como consultora privada ao mesmo tempo.​​

  • Chefe de gabinete com poderes ilimitados: Detinha procurações bancárias para movimentar salários de 10 funcionários, operando contas em nome de servidores — mecanismo de apropriação indébita de verba pública.​

  • Montante: R$ 220 mil movimentados indevidamente através do esquema, com denúncia por improbidade administrativa.​


Esse padrão é sistemático. Hugo Motta não apenas recebe comissões de emendas. Ele opera múltiplos esquemas de desvio dentro de sua própria estrutura administrativa.


O PROTEGIDO GOLPISTA: RAMAGEM, EDUARDO BOLSONARO E O CORTE SELETIVO


Agora adentramos no mais revelador aspecto de Hugo Motta: como ele utiliza seu poder para proteger deputados processados por golpe de estado.


Foto: reprodução
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Alexandre Ramagem: Foragido com permissão de voto


Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin, foi condenado a 16 anos por tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023. Ele está foragido nos EUA.


Conforme investigação do Intercept Brasil, Hugo Motta implementou estratégia de proteção explícita:​


  • Permitiu votação remota do exterior até novembro de 2025, quando supostamente proibiu — mas apenas após Ramagem fugir, sugerindo conivência

  • Atrasou cassação: Quando finalmente pautou, incluiu Ramagem em pacote com outras cassações, diluindo pressão

  • Proteção implícita: Permitiu que foragido continuasse votando legislação enquanto fugindo da Justiça


Quando ministro Flávio Dino do STF ordenou que parlamentares não votassem do exterior, Hugo Motta simplesmente ignorou a decisão do Supremo, preferindo cumprir as ordens de seu padrinho político Bolsonaro.​​


Eduardo Bolsonaro: "Cassação por Faltas", não por Golpe


Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, está foragido nos EUA há meses, processado por coação de testemunhas no contexto da investigação de golpe.


Conforme Glauber Braga denunciou publicamente, Motta pautou a cassação de Eduardo apenas por "faltas administrativa" — isto é, por ter faltado demais às sessões — não por seus crimes políticos reais.​


Isso significa preservação de direitos políticos. Eduardo Bolsonaro poderá concorrer novamente a eleições, mantendo sua elegibilidade formal.


Compare-se com Glauber Braga: cassação por "quebra de decoro" — que implica em perda permanente de direitos políticos.


Carla Zambelli: Cassação negociada


Carla Zambelli (PL-SP) foi condenada a 10 anos por invasão do CNJ e uso de documentos falsos. Conforme reportagem BBC Brasil, recebeu proteções procedimentais não oferecidas a deputados de esquerda, inclusive licença de 127 dias durante processo.​


A RETALIAÇÃO CONTRA GLAUBER: PORQUE ELE DENUNCIAVA


Aqui chegamos à explicação central: por que Hugo Motta escolheu cassar Glauber Braga de forma tão acelerada e violenta?


A resposta está no dossiê de denúncias de Glauber sobre o orçamento secreto.


Conforme o próprio Glauber explicou:

"O mandato denunciou de maneira insistente o orçamento secreto. Foram 21 ou 22 vezes que eu subi à tribuna para falar sobre isso. E com observações objetivas. Fiz na tribuna, fiz nas redes, e fiz no meu depoimento à Polícia Federal também."

Durante sua defesa no Conselho de Ética, Glauber apresentou cruzamento de recursos indicados como orçamento secreto para cidades da base eleitoral de deputados reladores — demonstrando, documentalmente, como o sistema de emendas secretas funciona.​


Isso incomodava. E incomodava profundamente Hugo Motta, que é o novo maestro do orçamento secreto após a saída de Arthur Lira.​​


Glauber não apenas criticava o sistema. Ele o evidenciava publicamente, com dados, com nomes, com números. E em um regime que sustenta sua legitimidade através da corrupção institucionalizada, isso é intolerado.


A cassação de Glauber é, portanto, uma mensagem: "Se você denunciar, se você expuser o sistema, você será cassado, e será cassado com violência."


HUGO MOTTA E O "INIMIGO DO POVO"


A alcunha "inimigo do povo" que persegue Hugo Motta é apropriada. E há razões políticas concretas para isso:


 Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

1. Ele protege Golpistas e pune críticos


Hugo Motta presidiu um sistema onde deputados condenados por tentativa de golpe recebem negociação, adiamento, redução de penas — enquanto um deputado que denuncia corrupção é cassado com violência institucional.


Isso é inversão do regime democrático: em uma democracia legítima, golpistas seriam banidos, críticos protegidos.


2. Ele perpetua o Orçamento Secreto


Hugo Motta herdou de Arthur Lira o controle sobre R$ 50+ bilhões em emendas parlamentares. Ele prometeu transparência durante campanha para presidente da Câmara.​​


Mas conforme foi demonstrado, mantém o sistema praticamente intacto. O orçamento secreto continua sendo distribuído sem transparência, permitindo que oligarcas como ele próprio recebam comissões pelas liberações.​​


3. Ele beneficia-se pessoalmente do desvio


Hugo Motta não é apenas guardião do sistema de corrupção. Ele é participante ativo, recebendo comissões, operando esquemas de rachadinha, direcionando bilhões para sua base eleitoral.​​


Ele não combate corrupção. Ele a opera de forma mais sofisticada.


4. Ele é autoritário


Ontem, ao mandar cortar câmeras de TV pública e expulsar jornalistas, Hugo Motta demonstrou que não tolera escrutínio institucional. Um democrata, quando questionado, debate. Hugo Motta silencia com violência.


O TIMING: PL DA DOSIMETRIA E A ESTRATÉGIA DO PACOTE


Há ainda um aspecto da campanha ontem que merece atenção: o timing absolutamente intencional.


Hugo Motta pautou a cassação de Glauber no mesmo dia em que votava a aprovação da PL da Dosimetria — aquele projeto que reduz penas de condenados por tentativa de golpe, especialmente Bolsonaro.


Isso não é coincidência. É cálculo político refinado.


Ao pautar cassação de Glauber simultaneamente com votação de anistia a bolsonaristas, Motta fez um pacote: "Nós prendemos a esquerda e libertamos a direita."


Glauber Braga percebeu isso. Por isso denunciou:

"E a que preço Hugo Motta precisava disso aqui? Precisava atacar as deputadas? Precisava de uma ação forçada? Com os golpistas que sequestraram a mesa sobrou docilidade. Agora com quem não entra no jogo deles é porrada."

Lindbergh Farias (PT) foi além:

"Com esse episódio de hoje, Hugo Motta está perdendo as condições de ser presidente da Câmara. Ao tentar votar esse projeto de Anistia, Hugo está definitivamente enterrando qualquer história vinculada à democracia."

A DEMOCRACIA BRASILEIRA SOB O JUGO DO CRIME INSTITUCIONAL


O Brasil chegou a um ponto de colapso institucional onde o presidente da Câmara dos Deputados, a segunda posição mais poderosa da república, é um homem envolvido em:


  • ✓ Fraude em emendas parlamentares (investigado por MPF, PF, CGU)

  • ✓ Recebimento de propina de empresários (confissão judicial em sentença de 2025)

  • ✓ Rachadinha e desfalque de verba pública (investigado por TCU/MPTCU)

  • ✓ Nepotismo político (pai condenado, mãe presa, avó investigada)

  • ✓ Proteção a golpistas (permitindo voto remoto de Ramagem, negociando cassação de Eduardo)

  • ✓ Autoritarismo institucional (cortando câmeras de TV pública, expulsando imprensa)


E apesar de TUDO isso, ele ocupa o cargo com tranquilidade, porque o sistema inteiro o protege.


O "inimigo do povo" que Hugo Motta é não é um rótulo injusto. É uma descrição funcional. Ele age como inimigo: protegendo golpistas, cassando críticos, perpetuando corrupção, silenciando com violência.


Ontem, quando mandou cortar o sinal da TV Câmara, quando ordenou agredir jornalistas, quando retirou à força um deputado que apenas ocupava uma cadeira, Hugo Motta mostrou seu verdadeiro rosto.


Não é o rosto de um político jovem e moderno. É o rosto de um oligarca que governa através da violência institucional — e que, por enquanto, consegue escapar das consequências.


Essa é a democracia brasileira de 2025: refém de Hugo Motta.


 
 
 

Por Raul Silva para O estopim | 13 de novembro de 2025


Servidores públicos estaduais, professores, aposentados e pensionistas de Arcoverde realizaram nesta quarta-feira (13) um ato público em frente à agência regional do Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco (Sassepe), localizada na Avenida Joaquim Nabuco, no centro da cidade. A mobilização, organizada pelo Núcleo Regional Sertão Moxotó Ipanema do SINTEPE e pelo Fórum dos Servidores Estaduais, contou com a presença de Morena Cabral, diretora da Assepe (Associação Civil de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco), entidade que representa os servidores no Conselho Deliberativo do Sassepe.


Servidores em protesto contra o governo Raquel Lyra em defesa do Sassepe
Servidores em protesto contra o governo Raquel Lyra em defesa do Sassepe

O protesto integra uma série de mobilizações que vêm ocorrendo em diversas cidades de Pernambuco e marca mais um capítulo da luta histórica dos servidores pela sustentabilidade e pelo fortalecimento do sistema de saúde estadual. Em um cenário de crise que se agrava desde a pandemia, os beneficiários denunciam a falência da assistência, a imposição de cotas para exames, a falta de medicamentos e a suspensão de cirurgias, ao mesmo tempo em que seguem contribuindo mensalmente com maior parte do financiamento do sistema, enquanto o Governo do Estado aporta apenas uma pequena parte.


Durante o ato em Arcoverde, Morena Cabral, professora e dirigente da Assepe, concedeu entrevista à Rádio Itapuama FM na qual detalhou a gravidade da situação enfrentada pelos mais de 160 mil beneficiários do Sassepe em todo o estado. Em sua fala, Morena destacou que o movimento não se trata apenas de uma luta pela saúde, mas pela valorização dos servidores públicos estaduais, ativos, aposentados e pensionistas.


"A assistência à saúde prestada pelo Sassepe é uma conquista, sim, uma luta que começou lá atrás. O Sassepe tem 24 anos de existência e foi uma conquista da luta para que os servidores tivessem a garantia de sua assistência à saúde e não fossem prejudicar mais ainda a assistência prestada pelo SUS", afirmou Morena Cabral durante a entrevista.

Cobrança e responsabilização do governo Raquel Lyra pela crise atual do Sassepe
Cobrança e responsabilização do governo Raquel Lyra pela crise atual do Sassepe

A diretora da Assepe descreveu um quadro alarmante: consultas impossíveis de agendar, exames suspensos por falta de credenciados, cirurgias adiadas indefinidamente e medicamentos indisponíveis.


"Tem paciente que não está tendo acesso a seu tratamento, tratamentos contínuos, tratamentos sequenciados. Pacientes oncológicos que estão tendo seus exames suspensos, que estão tendo suas consultas suspensas por falta de exames e até por falta de medicação", denunciou.

A situação é ainda mais crítica no interior do estado. Segundo Morena, em Arcoverde e em outras regionais, a quantidade de credenciados é menor e a forma como alguns prestadores atendem os beneficiários é "muito desleal". Mesmo na Região Metropolitana do Recife, os servidores estão submetidos a um regime de cotas para exames de imagem, fundamentais para o diagnóstico de doenças.


Um dos pontos centrais das reivindicações apresentadas pelos servidores é a extinção das cotas de exames e atendimentos. O sistema de cotas, implementado sem a devida transparência e discussão no Conselho Deliberativo do Sassepe, limita drasticamente o acesso dos beneficiários aos serviços de saúde. Na prática, após a primeira quinzena de cada mês, muitos exames simplesmente não estão mais disponíveis, pois os prestadores alegam que suas cotas mensais foram esgotadas.


"Reivindicamos transparência em relação a essas cotas, mas reivindicamos muito além disso, a extinção dessas cotas. Essas cotas estão prejudicando e muito o acesso dos beneficiários à assistência", enfatizou Morena Cabral.

Em abril de 2025, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), através da 16ª Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania, emitiu uma recomendação ao Instituto de Atenção à Saúde e Bem-Estar dos Servidores do Estado de Pernambuco (IASSEPE/SASSEPE) para que se abstenha de impor cotas mensais de atendimentos e exames por parte dos prestadores de serviços credenciados, sem a devida previsão contratual, ampla publicidade e alternativa de solução assistencial ao beneficiário. O MPPE estabeleceu prazo de 60 dias para que seja implementado um sistema digital para registro de tentativas de agendamento, negativa de atendimento e geração de protocolo eletrônico para cada tentativa frustrada do usuário. No mesmo prazo, também deverão ser adotadas providências administrativas para garantir que os usuários não sejam prejudicados pela ausência de prestadores para exames imprescindíveis e inadiáveis.


Uma das principais bandeiras históricas dos servidores é a paridade na contribuição para o financiamento do Sassepe. Atualmente, os servidores são responsáveis por 70% do caixa do sistema, enquanto o Governo do Estado contribui com apenas 30%. Os servidores reivindicam que essa proporção seja equilibrada, com cada parte contribuindo com 50%.


Cobrança e responsabilização do governo Raquel Lyra pela crise atual do Sassepe
Cobrança e responsabilização do governo Raquel Lyra pela crise atual do Sassepe

"Temos a garantia da contribuição de servidores para o caixa do Sassepe com 70% desse caixa. A contribuição do Estado é de 30% desse caixa e há insuficiência de gestão", denunciou Morena Cabral.

Essa desigualdade no financiamento tem sido apontada como uma das principais causas da crise crônica do sistema. Mesmo com o aumento das alíquotas de contribuição dos servidores aprovado em 2023 através do Projeto de Lei Complementar nº 1481/2023, os problemas persistem. O PLC 1481/2023, enviado pelo Governo Raquel Lyra à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), ampliou em 39% os valores dos repasses mensais do Governo ao Sassepe, passando de R$ 13,27 milhões para R$ 18,47 milhões. A proposta também estabeleceu o pagamento de uma subvenção extraordinária de R$ 250 milhões, em três parcelas até 2025, para cobrir dívidas do sistema. No entanto, o projeto aumentou as alíquotas de contribuição dos servidores e dependentes. As alíquotas dos titulares passaram de uma faixa de 5,4% a 6,2% (conforme a idade) para 6,4% a 7,3%. Para os dependentes, a contribuição saltou de 1,4% a 3,5% para 2,4% a 4%.


Durante a votação do projeto na Alepe, o deputado João Paulo (PT) anunciou que elaboraria emendas em benefício dos usuários, buscando garantir a paridade na contribuição ao sistema, elevando a cota do Governo de 30% para 50%. A proposta, no entanto, não foi incorporada ao texto final aprovado. O Sistema de Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Pernambuco foi criado pela Lei Complementar nº 30, de 2 de janeiro de 2001, e representa uma conquista histórica da luta dos servidores públicos estaduais. Antes da criação do Sassepe, os servidores dependiam exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS), que já enfrentava dificuldades para atender à demanda da população em geral.


"Naquela época, lá em 2000, o SUS não tinha condições de comportar a demanda dos servidores pela demanda grande da população. O Sassepe chegou para que os servidores tivessem a garantia de sua assistência à saúde", explicou Morena Cabral.


Simone Ferraz - Representante da ASSEPE
Simone Ferraz - Representante da ASSEPE

O sistema foi estruturado para prestar assistência integral à saúde, de forma preventiva e curativa, exclusivamente aos servidores civis ativos, inativos, pensionistas e seus dependentes no âmbito do Estado de Pernambuco. A adesão ao Sassepe é facultativa e se dá mediante contribuição mensal descontada diretamente na folha de pagamento. O Sassepe conta com uma rede própria de atendimento, tendo como unidade principal o Hospital dos Servidores do Estado (HSE), localizado no Recife. O HSE, fundado em 5 de maio de 1925 como Hospital Centenário, completou 100 anos em 2025 e é âncora do sistema.


Além do hospital, o Sassepe possui 12 agências no interior do estado e dois ambulatórios. A Agência Regional de Arcoverde, localizada na Avenida Joaquim Nabuco, no centro da cidade, atende aos municípios da região do Sertão do Moxotó Ipanema e oferece serviços nas áreas de Clínica Médica, Pediatria, Odontologia, Psicologia e Psiquiatria. O sistema é administrado pelo Instituto de Atenção à Saúde e Bem-Estar dos Servidores do Estado de Pernambuco (IASSEPE), autarquia estadual vinculada à Secretaria de Administração. A gestão e as políticas do Sassepe são definidas pelo Conselho Deliberativo do Sistema (CONDASPE), órgão de composição paritária composto por representantes do Governo e dos servidores.


Nos últimos anos, especialmente a partir de 2022, o Sassepe tem enfrentado uma crise sem precedentes. Hospitais e clínicas credenciadas têm suspendido o atendimento aos beneficiários devido à falta de pagamento por parte do Governo do Estado, acumulando uma dívida que chegou a R$ 300 milhões. Em março de 2023, após intensa pressão dos servidores, foi criado um Grupo de Trabalho (GT) através do Decreto nº 54.498, com a finalidade de apresentar propostas para superar emergencialmente a crise. O GT foi composto por representantes do Governo do Estado, da Assepe, do Sindicato dos Médicos, do Sindicato dos Hospitais e de representantes dos servidores indicados pelo Fórum dos Servidores Estaduais da CUT.


Mesmo com a aprovação do PLC 1481/2023 e o repasse de recursos extraordinários, a situação não melhorou significativamente. Em março de 2025, o hospital credenciado ao Sassepe em Arcoverde, responsável pelo atendimento de emergência e por diversos outros procedimentos, suspendeu os atendimentos por tempo indeterminado, deixando centenas de beneficiários sem alternativa na região. A mesma situação ocorreu em Vitória de Santo Antão, Caruaru e outras cidades do interior, afetando consultas, exames e cirurgias. Em Caruaru, o Hospital São Gabriel, que atendia às demandas de emergência, suspendeu o atendimento, deixando os beneficiários do Agreste, Mata Norte e Mata Sul em situação de risco.


Prof.ª Sueli Macedo coordenadora do Sintepe Sertão do Moxotó/Ipanema
Prof.ª Sueli Macedo coordenadora do Sintepe Sertão do Moxotó/Ipanema

"Essa crise se repete em todo o estado, afetando consultas, exames e cirurgias, com constantes reclamações dos usuários. O caos na assistência prestada pelo Sassepe não é novidade — essa tem sido a realidade do sistema há muito tempo", afirmou o SINTEPE em nota.

Relatos de beneficiários coletados pela imprensa ilustram a gravidade da situação. Servidores e aposentados têm sido obrigados a pagar por exames e consultas particulares, mesmo com o desconto mensal do Sassepe na folha de pagamento. Em alguns casos, pacientes oncológicos têm tratamentos interrompidos, e cirurgias são constantemente adiadas, levando ao agravamento dos quadros clínicos. A governadora Raquel Lyra assumiu o governo de Pernambuco em 1º de janeiro de 2023, tornando-se a primeira mulher eleita para o cargo no estado. Durante a campanha eleitoral de 2022, Raquel prometeu valorizar e fortalecer o Sassepe. No entanto, passados quase quatro anos de gestão, os servidores afirmam que o que se vê é "abandono e descaso".


Em seu discurso de posse, a governadora afirmou que a prioridade máxima de seu governo seria o combate à fome. Posteriormente, em entrevistas, ela classificou a saúde como "o principal problema de Pernambuco" e apontou a falta de infraestrutura física e organizacional na área. Apesar dos reconhecimentos públicos sobre a gravidade da situação da saúde no estado, as medidas efetivas para solucionar a crise do Sassepe têm sido insuficientes, segundo os servidores. A falta de transparência na gestão do sistema, decisões tomadas sem consulta ao Conselho Deliberativo e a manutenção do desequilíbrio no financiamento são apontadas como falhas graves da administração estadual. Em junho de 2024, circulou nas redes sociais um vídeo mostrando funcionários da Secretaria Estadual de Saúde celebrando uma festa junina no mesmo dia em que a governadora assinou um decreto de emergência de saúde pública devido ao aumento de casos de síndrome respiratória aguda grave. Na ocasião, Raquel afirmou não ter conhecimento da festa e classificou-a como "absolutamente inadequada".


Draiton Albuquerque do Sindicato dos Bancários em apoio aos Servidores do Estado
Draiton Albuquerque do Sindicato dos Bancários em apoio aos Servidores do Estado

Durante o ato em Arcoverde e em manifestações realizadas em outras cidades do estado, os servidores apresentaram um conjunto de reivindicações urgentes para garantir a sustentabilidade e a qualidade do Sassepe. Em primeiro lugar, os servidores exigem paridade na contribuição, ou seja, que o Governo do Estado passe a contribuir com 50% do financiamento do sistema, equiparando-se aos 50% contribuídos pelos servidores, em substituição à proporção atual de 30%/70%. Os servidores também reivindicam investimento urgente na rede própria, pois é fundamental que o Governo invista na estrutura do Hospital dos Servidores (HSE) e das 12 agências regionais no interior do estado. Em Arcoverde e em outras regionais, há necessidade urgente de profissionais médicos de diversas especialidades para atender à demanda da região.


Além disso, os servidores cobram a extinção imediata do sistema de cotas que limita o acesso aos exames e procedimentos, prejudicando gravemente a assistência aos beneficiários. Reivindicam, ainda, transparência em todas as ações do Sassepe, inclusive nas decisões sobre cotas, credenciamento e repasses financeiros, com garantia de que as medidas sejam discutidas no Conselho Deliberativo antes de serem implementadas. Outras demandas incluem ampliação da rede credenciada, através do credenciamento de novos prestadores de serviços e regularização dos pagamentos aos credenciados atuais, para evitar novas suspensões de atendimento. É essencial, ainda, assegurar o fornecimento regular de medicamentos, especialmente para tratamentos contínuos como quimioterapia e terapias para doenças crônicas. Por fim, os servidores cobram providências urgentes do Governo para reduzir as filas de cirurgias, atendendo às demandas com mais agilidade e respeitando os prazos legais, especialmente nos casos oncológicos.


Morena Cabral, diretora da Assepe, é conselheira representante dos servidores no Conselho Deliberativo do Sassepe (CONDASPE). Durante sua fala no ato em Arcoverde, ela destacou a importância de garantir um espaço democrático e participativo no Conselho.


"Estamos reivindicando um espaço democrático que deve existir no Conselho Deliberativo do Sassepe. É um conselho que tem a tarefa de discutir as políticas de assistência à saúde. Mas no que se refere à assistência propriamente dita, quando as medidas são tomadas, não passam pelo Conselho, não se discute no Conselho. Nós, conselheiros, tomamos conhecimento dos impedimentos que são criados depois, nos locais onde estamos sendo atendidos", denunciou.

A falta de diálogo e de participação efetiva dos representantes dos servidores nas decisões sobre o sistema tem sido uma das queixas recorrentes. Em junho de 2024, por exemplo, foi noticiado um "leilão da dívida do Sassepe", operação realizada sem discussão e deliberação prévia do Conselho Deliberativo, gerando preocupação e questionamentos por parte dos beneficiários. A Assepe, fundada para representar os interesses dos servidores usuários do Sassepe, mantém uma Casa de Apoio que acolhe beneficiários do interior que estão em tratamento no Hospital dos Servidores no Recife. A entidade tem sido uma voz ativa na luta pela melhoria do sistema e pela garantia dos direitos dos servidores.


Morena Cabral diretora da ASSEPE e Ivan Rui diretor do SINTEPE
Morena Cabral diretora da ASSEPE e Ivan Rui diretor do SINTEPE

O ato realizado em Arcoverde nesta quarta-feira (13) é parte de uma mobilização mais ampla dos servidores estaduais coordenada pelo Fórum dos Servidores de Pernambuco, com participação do SINTEPE, da CUT-PE, do SINDSAAF-PE, do SINDPD-PE, do SEEPE e de outros sindicatos. Em outubro de 2024, o Fórum dos Servidores realizou o "Faixaço do Sassepe", uma mobilização em frente ao Centro de Convenções do Recife, no dia 29, com o objetivo de denunciar à sociedade a insatisfação dos servidores pela atual situação de crise do sistema. O protesto foi realizado no momento em que acontecia um evento do Governo do Estado em homenagem ao Dia do Servidor no local. A presidenta do SINTEPE, Ivete Caetano, tem sido enfática ao afirmar que:


"Os servidores são responsáveis por cerca de 70% do financiamento do sistema, enquanto o Governo do Estado contribui com 30%. Mesmo assim, a gestão pública não tem conseguido administrar os recursos de forma eficiente, resultando em atendimentos precários, falta de medicamentos, dívidas com a rede privada e filas extensas para consultas e cirurgias".

Para o Fórum dos Servidores, o Sassepe é uma conquista histórica dos servidores de Pernambuco e, como tal, precisa ser tratado como prioridade. A entidade considera que a responsabilidade pela assistência à saúde dos servidores é de competência exclusiva do Governo do Estado e, portanto, é fundamental que essa responsabilidade seja assumida e concretizada.


"A governadora precisa agir com a urgência que a situação exige. Salvar vidas requer investimento, cuidado e atenção! O Sintepe, como sempre, tem empreendido uma luta cotidiana e permanente em defesa do Sassepe e nela continuará até que os serviços garantam nosso direito à saúde e à vida", afirmou o sindicato em nota.

O ato realizado em Arcoverde e as mobilizações dos servidores em todo o estado evidenciam uma questão que transcende os aspectos administrativos e financeiros: trata-se da defesa de um direito constitucional fundamental, o direito à saúde e à vida.


João de Barros - diretor do SINTEPE
João de Barros - diretor do SINTEPE

"A assistência à saúde é vida. Este é o nosso direito principal e dele a gente não vai abrir", declarou Morena Cabral ao encerrar sua participação no ato.

Com 24 anos de existência, o Sassepe representa uma conquista histórica que não pode ser perdida por má gestão, falta de investimento ou ausência de vontade política. Os mais de 160 mil beneficiários do sistema, entre servidores ativos, aposentados, pensionistas e dependentes, aguardam medidas concretas e urgentes do Governo Raquel Lyra para reverter o quadro de crise e garantir uma assistência à saúde digna, eficiente e de qualidade.


"Essa situação precisa ser resolvida e quem vai resolver é a governadora. Este é o nosso pleito: é necessário investir no Sassepe o que for necessário para que o sistema não tenha como acabar. Estamos com a força e a luta da nossa parte, e ela não vai parar", finalizou Morena Cabral.

A luta dos servidores continua, e o ato de Arcoverde reafirma o compromisso da categoria com a defesa do Sassepe, em nome da saúde, da dignidade e da vida de todos os beneficiários do sistema.

 
 
 

Investigação revela que 77% dos municípios pernambucanos operam com equipes incompletas, enquanto bebidas adulteradas circulam livremente pelo estado


Por Redação d'O estopim | 02 de outubro de 2025


Duas mortes confirmadas, um homem cego para sempre e um possível quarto caso ainda sob investigação. Os números dos casos suspeitos de intoxicação por metanol no Agreste de Pernambuco em setembro passado são apenas a ponta do iceberg de uma crise muito maior: o completo sucateamento da vigilância sanitária no estado.


Uma investigação exclusiva realizada por esta reportagem, baseada em documentos oficiais, estudos acadêmicos e dados da própria Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), revela um cenário assustador de negligência sistemática que coloca em risco a vida de mais de 9 milhões de pernambucanos.


Inspetor da Vigilância Sanitária e Ambiental realizando teste de amostra utilizando conta-gotas e frasco
Inspetor da Vigilância Sanitária e Ambiental realizando teste de amostra utilizando conta-gotas e frasco 

Os fatos são contundentes: 77% dos municípios pernambucanos operam suas vigilâncias sanitárias com equipes incompletas, 69% não participam do planejamento financeiro federal e a maioria não possui sequer veículos próprios para realizar fiscalizações. Enquanto isso, produtos potencialmente letais circulam livremente pelas prateleiras do estado.


As vítimas do descaso


Em Lajedo e João Alfredo, municípios do Agreste pernambucano, o horror do metanol se materializou em tragédia humana. Os casos oficialmente notificados incluem dois homens de Lajedo - um morto e outro que perdeu permanentemente a visão bilateral - e um homem de João Alfredo que também não resistiu à intoxicação.


Panorama da Política Nacional de Vigilância em Saúde, delineando sua institucionalidade e atuação no SUS
Panorama da Política Nacional de Vigilância em Saúde, delineando sua institucionalidade e atuação no SUS 

Mas há indícios de que o problema é ainda maior. Fontes policiais apontam para um possível quarto caso em Lajedo, com morte ocorrida já em agosto de 2025, antes mesmo da transferência para o Hospital Mestre Vitalino em Caruaru.


"Estamos investigando se existem mais vítimas que não foram notificadas adequadamente", revela uma fonte da investigação que prefere não se identificar.

O mapa do caos: estrutura falida


Problemas estruturais da vigilância sanitária em Pernambuco organizados por categoria de deficiências identificadas
Problemas estruturais da vigilância sanitária em Pernambuco organizados por categoria de deficiências identificadas

A Apevisa, criada em 2006, deveria ser o escudo sanitário de Pernambuco. Teoricamente, a agência opera através de 12 Gerências Regionais cobrindo todos os 184 municípios pernambucanos. Na prática, porém, essa estrutura é uma fachada que esconde deficiências estruturais gravíssimas.


Os números oficiais da própria Apevisa revelam uma agência em frenética atividade: 3.834 inspeções apenas no primeiro semestre de 2025, incluindo operações especiais durante Carnaval e São João. Mas quantidade não significa qualidade - e é exatamente aí que mora o perigo.


Oficial de vigilância sanitária do Estado de São Paulo caminhando por um corredor, simbolizando atividades de inspeção sanitária 
Oficial de vigilância sanitária do Estado de São Paulo caminhando por um corredor, simbolizando atividades de inspeção sanitária 

A radiografia do descaso


Estudos acadêmicos conduzidos pela Universidade Federal de Pernambuco expõem a realidade crua das vigilâncias sanitárias municipais:


RECURSOS HUMANOS EM COLAPSO:


  • 77% dos municípios operam com equipes incompletas

  • Coordenadores nomeados por critérios políticos, não técnicos

  • Vínculos empregatícios precários e alta rotatividade

  • Ausência de concursos públicos regulares


RECURSOS FINANCEIROS INEXISTENTES:


  • 69% dos municípios não participam do planejamento de gastos federais (PQA-VS)

  • Subutilização crônica de recursos disponíveis

  • Financiamento federal de apenas R$ 0,30 por habitante/ano


INFRAESTRUTURA SUCATEADA:


  • Falta sistemática de veículos próprios para fiscalização

  • Espaços físicos inadequados e compartilhados

  • Deficiência de equipamentos tecnológicos básicos

  • Instrumentos de trabalho obsoletos


Vigilância Sanitária Inspetores realizando uma inspeção sanitária em uma instalação de processamento de alimentos ou bebidas 
Vigilância Sanitária Inspetores realizando uma inspeção sanitária em uma instalação de processamento de alimentos ou bebidas 

O lado invisível da tragédia


O que o público não vê é como essa precariedade se traduz em tragédia humana. Quando um fiscal de vigilância sanitária precisa "pedir emprestado" um carro para investigar uma denúncia, quando não tem equipamentos básicos para coletar amostras adequadamente, quando trabalha em salas compartilhadas sem privacidade para atender denunciantes - é aí que produtos letais como bebidas com metanol encontram espaço para circular.


"É um milagre não termos mais mortes", desabafa um técnico da vigilância sanitária de um município do interior, que preferiu não se identificar por temer retaliações. "Trabalhamos no improviso, correndo atrás dos problemas depois que eles já aconteceram".

Inspetores sanitários realizando inspeção fiscal em mercearia no Brasil
Inspetores sanitários realizando inspeção fiscal em mercearia no Brasil 

Pernambuco foi apontado pelo Tesouro Nacional como o estado que mais investiu proporcionalmente em saúde no primeiro quadrimestre de 2024 - 23% de suas despesas totais. O dado, que poderia ser motivo de orgulho, esconde uma verdade incômoda: esses recursos não chegam onde mais são necessários.


A priorização de gastos em atenção médica hospitalar - mais visível politicamente - contrasta brutalmente com o abandono histórico da vigilância sanitária, área considerada menos "rentável" eleitoralmente mas fundamental para prevenir que pessoas precisem de hospitais.


O problema pernambucano é reflexo de uma crise nacional. A própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) teve seu quadro de pessoal reduzido de 3.000 para apenas 1.368 vagas desde 2004 - uma redução superior a 50% que compromete a supervisão nacional.


O Tribunal de Contas da União identificou falhas graves na Anvisa, incluindo a inexistência de uma base unificada de dados de notificações no país. Se nem a agência nacional consegue exercer adequadamente seu papel, como esperar que estados e municípios o façam?


Esta reportagem teve acesso a documentos que mostram o verdadeiro custo da negligência:


  • Apenas 15,9% dos estabelecimentos de alto risco sanitário foram inspecionados em 2024

  • 1.475 amostras coletadas em todo o estado - número insuficiente para a população

  • Tempo médio de resposta a denúncias: superior a 15 dias na maioria dos municípios


Várias bebidas alcoólicas e métodos de servir, ilustrando o contexto do consumo e regulamentação do álcool 
Várias bebidas alcoólicas e métodos de servir, ilustrando o contexto do consumo e regulamentação do álcool 

Vozes do Front: quem trabalha na linha de frente


"Recebemos denúncias todos os dias, mas não temos como atender todas", relata uma coordenadora municipal de vigilância sanitária do Grande Recife, sob condição de anonimato.


"Quando conseguimos chegar ao local, muitas vezes o problema já se espalhou. É frustrante, é desumano".

Outro técnico, do interior do estado, é mais direto:


"O pessoal não entende que vigilância sanitária não é só multar. É proteger vidas. Mas como proteger sem estrutura, sem gente, sem equipamento?"

Os cálculos são simples e aterrorizantes: com apenas R$ 0,30 por habitante/ano de repasse federal, Pernambuco recebe cerca de R$ 2,8 milhões anuais para proteger mais de 9 milhões de pessoas. É menos de R$ 8 mil por dia para fiscalizar todo o estado.


Para efeito de comparação, uma única operação de fiscalização complexa, envolvendo coleta de amostras e análises laboratoriais, pode custar mais de R$ 50 mil. O dinheiro simplesmente não existe.


Sem uma mudança radical na política de investimentos, casos como os do metanol são apenas o prenúncio de tragédias maiores. Especialistas em vigilância sanitária consultados por esta reportagem são unânimes: o sistema está à beira do colapso total.


"Não é questão de 'se' vai acontecer uma tragédia maior, é questão de 'quando'", alerta um professor da área de saúde pública da UFPE, que prefere não se identificar. "O metanol foi um aviso. Se não agirmos agora, teremos epidemias, surtos alimentares, mortes em massa".

As recomendações ignoradas


Esta reportagem identificou pelo menos 15 recomendações técnicas feitas à administração estadual nos últimos cinco anos, todas relacionadas ao fortalecimento da vigilância sanitária. Nenhuma foi implementada integralmente.


As principais incluem:


  • Realização de concurso público para completion dos quadros

  • Triplicar o orçamento destinado ao setor

  • Criar política estadual de educação permanente

  • Modernizar a infraestrutura tecnológica

  • Padronizar equipamentos e procedimentos


O orçamento de 2024 da Apevisa, conforme documentos oficiais, representa menos de 0,2% do orçamento total da saúde no estado. Para contextualizar: o estado gasta mais em passagens aéreas de autoridades do que em toda a vigilância sanitária.


CASOS SUSPEITOS DE ENVENENAMENTO POR METANOL EM PERNAMBUCO

Local

Estado

Hospital

Data_Notificacao

Lajedo

Morte confirmada

HMV Caruaru

30/09/2025

Lajedo

Perda visão bilateral

HMV Caruaru

30/09/2025

João Alfredo

Morte confirmada

HMV Caruaru

30/09/2025

Lajedo (possível 4º caso)

Morte (em investigação)

Antes transferência HMV

29/08/2025


A bomba-relógio continua ticando


Enquanto você lê esta reportagem, produtos potencialmente perigosos continuam circulando livremente pelas prateleiras de Pernambuco. Bebidas adulteradas, alimentos contaminados, medicamentos falsificados - todos protegidos pela incapacidade estrutural do estado de exercer adequadamente seu papel fiscalizador.


ESTRUTURA APEVISA

Aspecto

Bravura

Cobertura Regional

12 Gerências Regionais

Equipe Central

Nível central + regionais

Unidades Regionais

12 unidades regionais

Municípios Atendidos

184 municípios + Fernando de Noronha

Inspeções 1º semestre 2025

3.834 inspeções

Inspeções Carnaval 2025

432 inspeções

Inspeções São João 2025

3.161 inspeções

Estabelecimentos Alto Risco 2024

1.052 estabelecimentos (15,9% do total)

Amostras Coletadas 2024

1.475 amostras


Os casos de metanol em Lajedo e João Alfredo não são um acidente. São o resultado previsível e evitável de décadas de negligência sistemática. E enquanto os governantes seguirem priorizando obras de impacto visual sobre a proteção invisível mas vital da vigilância sanitária, mais famílias pernambucanas pagarão com suas vidas o preço desta irresponsabilidade.


PROBLEMAS VIGILÂNCIA SANINTÁRIA PERNAMBUCO

Categoria

Problema

Fonte de Referência

Recursos Humanos

Insuficiência de recursos humanos

Estudo Scielo 2017 - X Região PE

Recursos Humanos

77% dos municípios com equipe incompleta

Estudo VI Região PE 2021

Recursos Humanos

Vínculos precários e indicações políticas

Estudo Scielo 2017

Recursos Financeiros

69% dos municípios não participam do planejamento PQA-VS

Estudo VI Região PE 2021

Recursos Financeiros

Insuficiência de recursos financeiros

Estudo Scielo 2017

Infraestrutura

Falta de espaço físico adequado

Estudo Scielo 2017

Infraestrutura

Falta de veículos próprios

Estudo Scielo 2017

Infraestrutura

Deficiência de instrumentos tecnológicos

Estudo Scielo 2017

Gestão

Dificuldades nas relações interpessoais entre gestores

Estudo Scielo 2017

Gestão

Ausência de códigos sanitários atualizados

Estudo Scielo 2017

Capacitação

Inexistência de política de educação permanente

Estudo Scielo 2017


Esta reportagem foi baseada em análise de documentos oficiais, estudos acadêmicos peer-reviewed, dados da Apevisa, relatórios do Ministério da Saúde e entrevistas com técnicos da área sob condição de anonimato. Todos os dados citados são verificáveis através de fontes oficiais.


Para denúncias relacionadas à vigilância sanitária, entre em contato através dos canais oficiais da Apevisa ou procure a vigilância sanitária de seu município.

 
 
 
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